São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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MÚSICA
O músico, um tradicionalista do estilo, sobe ao palco hoje às 22h; confira a entrevista feita via Internet
Jackson toca country "puro" em Barretos

Divulgação
O cantor country Alan Jackson, que se apresenta em Barretos


EDSON FRANCO
Editor interino de Suplementos

Hoje, no Estádio do Peão, só vai se divertir para valer quem gosta de country de verdade. Maior atração da 44ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), o cantor e compositor Alan Jackson sobe ao palco às 22h.
Sem o apelo comercial de um Garth Brooks -principal atração do ano passado-, Jackson vem mostrar um country mais próximo das raízes do estilo.
Ele é um novo tradicionalista (leia texto ao lado). Mas isso não significa que quem for a Barretos vai ver um bando de velhinhos, com as barbas na altura do peito, executando músicas perdidas no tempo e tocando instrumentos rudimentares.
Jackson defende a pureza do estilo, mas faz isso com a consciência de que, sem uma produção modernizante e uma boa dose de apelo pop, não resistiria à competitividade da indústria country norte-americana.
Pelo menos quando o assunto não é música, tradição tem limite. Tanto é que, resistente aos assédios da imprensa brasileira, o cantor topou falar com a Folha via Internet.
A conversa começa com música, e o novo tradicionalista se insinua. "Gosto de cantores contemporâneos que são tradicionais e que se mantêm próximos das raízes, como George Strait, Randy Travis, Lee Ann Womack, Vince Gill, Patty Loveless, John Anderson e Deana Carter, apenas para dar nome a alguns."
Jackson já está com seu próximo disco pronto. O trabalho vai se chamar "Under the Influence" (sob a influência, em inglês) e deve ser lançado no mercado norte-americano em outubro.
Como sugere o título, nesse CD o cantor vai visitar o repertório dos músicos que o influenciaram. E a pergunta "quem são eles?" se faz necessária: "George Jones, Merle Haggard, John Anderson, John Conlee, Gene Watson e Don Williams", digita o cantor.
Politicamente correto, Jackson evita verbalizar as suas impressões sobre músicos country que flertam com o rock e o pop, como Garth Brooks e o grupo The Mavericks. O mesmo comportamento acontece quando o assunto é o futuro da música country.
Em ambos os casos, tudo o que o teclado do computador do cantor produziu foi o silêncio.
Jackson nasceu na cidade de Newman, Geórgia, no dia 17 de outubro de 1958. Caçula, o cantor tem quatro irmãs, duas delas são gêmeas. Apesar dos cinco filhos, os pais conseguiram dar uma vida de classe média à família.
"Meu pai trabalhou por 23 anos como mecânico em uma fábrica da Ford em Hapeville. Minha mãe era dona-de-casa."
Das sete pessoas que viviam na sua casa, o cantor foi o único que demonstrou talento para a música. O ambiente familiar ajudou, pois os sons do country e do gospel (música religiosa) sempre reverberaram pelo lar dos Jackson.
Quando era criança, ele cantava gospel na igreja. Coros e duetos foram as formações que o cantor exercitou durante a adolescência. Aos 20 anos, ele começou a tocar profissionalmente e montou sua primeira banda, a Dixie Steel.
Quando o apego pela música ficou sério demais, o cantor pegou o chapéu, o violão e a mulher e se mandou para Nashville, a Meca da country music -muito mais pela quantidade de estúdios do que pela produção musical.
Enquanto esperava por uma oportunidade, Jackson colocava comida na mesa de casa vendendo carros e trabalhando no setor de correspondência da TNN, uma rede de TV.
"Quando entrei para a TV, tive de assinar um papel dizendo que eu não estava interessado em uma carreira artística."
A sorte de Jackson começou a mudar em 1985, quando Denise, sua mulher, conheceu o músico e agente artístico Glen Campbell, conhecido como o compositor de "By the Time I Get to Phoenix".
"Na época, Denise trabalhava como comissária de bordo. Um dia, ela viu Campbell no aeroporto, apresentou-se e disse que eu estava tentando entrar para o negócio da música. Campbell deu um cartão, eu liguei. E foi assim que consegui meu primeiro contrato com um agente."
Apesar do primeiro contrato, Jackson só passou a ganhar dinheiro com música há cerca de dez anos, quando assinou com a Arista Records -representada no Brasil pela BMG. De lá para cá, o cantor já perpetrou sete discos pela gravadora.

Show
Jackson diz estar "ansioso para tocar no Brasil". Ele afirma que fará o mesmo show que apresenta para platéias norte-americanas.
Problema nisso? Nenhum, exceto a língua. "Vou me comunicar com a platéia em inglês, mas espero que a música transponha a barreira de idioma e que os brasileiros se divirtam."


Show: Alan Jackson Onde: Estádio do Peão em Barretos (SP) Quando: hoje, às 22h Quanto: R$ 25

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