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Crítica/"Lady Chatterley"
Francesa cria adaptação fiel ao clássico de Lawrence
CRÍTICO DA FOLHA
Escrito em 1928 por D. H.
Lawrence, "O Amante
de Lady Chatterley" entrou para a história da literatura inglesa pela porta do escândalo. O tema ousado (a relação extraconjugal de uma aristocrata com um empregado) e a
descrição detalhada das cenas
de sexo levaram o romance a
ser banido -com direito, é claro, à circulação de várias edições piratas antes da primeira
publicação oficial na Inglaterra, em 1960.
Para além do escândalo, o romance de Lawrence permaneceu por trazer o ponto de vista
da mulher para o primeiro plano e por tocar francamente em
questões consideradas tabus,
como a sexualidade. O texto
serviu de base para alguns filmes, entre eles o "soft porn" estrelado por Sylvia Kristel em
1981.
No ano passado, a cineasta
francesa Pascale Ferran se encarregou de fazer uma adaptação "séria", quiçá definitiva.
Ferran optou por ser fiel ao
romance de Lawrence no melhor sentido. A cineasta se recusou a banalizar a proposta
mas também não inventou
muito ao transformar o texto
em imagem.
Os problemas de uma adaptação literária são resolvidos
pelo investimento em dois elementos básicos: encenação e
atores. O preço que ela paga por
isso é a longa duração (são
2h40 de projeção).
Nada de caminhos indiretos,
portanto. Vez ou outra, ela recorre a uma narração em off
aparentemente desnecessária.
Mas, de uma maneira geral,
Ferran dispõe diante da câmera os elementos necessários para contar sua história: um corpo na chuva é um corpo na chuva, uma mão que retira uma luva é uma mão que retira uma
luva.
Elenco de primeira linha
A escolha dos atores principais é uma peça-chave para o
sucesso dessa proposta. Marina
Hands, que até então havia passado desapercebida em filmes
como "As Invasões Bárbaras",
se revela uma atriz de primeira
grandeza.
E Jean-Louis Coulloch, além
de ótimo ator, tem o chamado
"physique du rôle" para o personagem (não glamourizado,
mas capaz ainda de transmitir
sensualidade).
É assim, de forma direta, não
teorizada, que "Lady Chatterley" aborda duas questões fundamentais do cinema contemporâneo -o corpo e a subjetividade -, o que acaba servindo,
ainda, como o melhor testemunho possível de que o romance
de D. H. Lawrence continua
atual como nunca.
(PB)
LADY CHATTERLEY
Direção: Pascale Ferran
Produção: Bélgica/França/Reino
Unido, 2007
Com: Marina Hands, Jean-Louis
Coulloch, Hippolyte Girardot
Quando: hoje, às 21h30, no Cinemark Shopping Eldorado; qua., às
17h10, no Cinesesc; qui., às 18h, no
Reserva Cultural
Avaliação: bom
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