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Comissão não vai rever história do Brasil
especial para a Folha
O secretário-executivo da Comissão Nacional para Comemorações do 5º Centenário do Descobrimento do Brasil, Tarcísio de Lima Costa, afirma que não existe
uma proposta de rever a primazia
do descobrimento.
"Nosso papel é estimular a reflexão sobre os 500 anos de identidade nacional e a contribuição indígena, africana e de imigrantes. Escolhemos a data (22 de abril), pois
faz parte do imaginário coletivo e
da fundação do Brasil", diz.
"Pode-se dizer que os primeiros
foram os vikings, os italianos ou
espanhóis. Na verdade, os primeiros foram os índios. Em 1500 foi o
início da ocupação daquilo que reconhecemos como nação. Foi um
ato político, não apenas um registro histórico. Não assumimos partido. Falamos da criação de um Estado", completa Costa.
A comissão, que se reúne uma
vez por mês, é composta por membros de cada ministério -José
Gregori, secretário nacional dos
Direitos Humanos, representa o
da Justiça-, representantes do
Congresso -como o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA)- e do Judiciário.
Ela prepara as festividades dos
500 anos do descobrimento e já
aprovou 180 projetos -congressos, encontros, filmes e peças-
sobre o tema.
Paralelamente, existe a Comissão Bilateral para as Comemorações da Viagem de Pedro Álvares
Cabral, que reúne brasileiros e
portugueses. Já no próprio nome a
comissão bilateral evita entrar na
polêmica.
O embaixador Wladimir do
Amaral Murtinho, representante
do Ministério da Cultura em ambas comissões, diz que "a posição
da comissão nacional e da bilateral
é que foi Cabral quem descobriu o
Brasil". "Isso é oficial. Na verdade,
estamos comemorando o meio
milênio do Brasil. Não é uma comissão para rever a história, mas
para organizar a comemoração da
oficialização do Brasil", afirma
Amaral Murtinho.
Os historiadores que apontam a
primazia do navegador espanhol
Vicente Pinzón também defendem
que o navegador português Pedro
Álvares Cabral seja responsabilizado pelo descobrimento.
"Não importa quem chegou antes. Foi Cabral quem fundou o Brasil", diz o almirante Max Justo
Guedes.
"Devemos celebrar a chegada de
Cabral e usar o termo "descobrir',
pois a partir dele o Brasil se insere
no mundo e é absorvido pela história. Mas deveria haver ao menos
uma referência à chegada dos espanhóis", afirma Eduardo Bueno.
(MRP)
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