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EXPOSIÇÃO
Mostra traz objetos pessoais, cartas e esculturas
Paris apresenta panorama da vida e da obra da atriz Sarah Berhnardt
DE PARIS
Além de dar nome a bar, praça e
rua de Paris, a atriz Sarah Berhnardt (1844-1923) pode agora ser
revisitada na Biblioteca Nacional
da França, que exibe até 4 de fevereiro uma ampla exposição com
sua memorabilia.
A mostra "Sarah Bernhardt ou
le Divin Mensonge" (Sarah Bernhardt ou a Divina Mentira) ilustra bem por que a atriz é considerada até hoje um dos maiores ícones do teatro francês. Entre objetos pessoais, cartas, figurinos,
quadros, esculturas, fotografias e
gravações da voz da atriz em cena,
o visitante consegue ter um panorama da vida da "Voz de Ouro",
apelido que Sarah ganhou da crítica teatral da época.
A exposição mostra ainda facetas menos conhecidas da atriz: estão em exibição esculturas em
bronze e telas pintadas por ela.
"A idéia era mostrar a Sarah
Berhnardt como um símbolo universal do teatro, que é realmente o
seu significado", diz a curadora
da exposição, Noel Guibert. Segundo Noel, essa é de longe a
maior mostra já dedicada à atriz.
Formada na Comédie-Française, Sarah tinha como autores preferidos Alexandre Dumas e Victor Hugo, este último um de seus
maiores admiradores. O autor de
"Os Miseráveis" chegou a pintar
um retrato em óleo da atriz. O
quadro, assinado pelo dramaturgo, está em exposição na Biblioteca Nacional.
A mostra só falha em não ter incluído entre os quase 200 objetos
em exposição trechos da atriz em
cena -ela participou de filmes
franceses e norte-americanos. De
acordo com a curadora, faltou espaço para montar uma sala de
exibição.
Mecanismo de atuar
Como a própria atriz costumava definir, sua profissão estava tão
relacionada à sua vida pessoal que
era difícil separar as duas coisas.
"Já me perguntaram quantas horas por dia eu ensaio", diz a atriz
em uma das cartas reunidas na
mostra. "Nunca ensaio um papel.
Ensaio o mecanismo de atuar
constantemente."
Outro pensamento, inscrito
num diário, fala mais sobre a técnica de representar:
"Aprendo todas as palavras do
texto. Mastigo e trituro as frases à
exaustão. Uma vez que sei meu
texto perfeitamente, esqueço as
palavras. E aprendo a ter dor, paixão ou alegria durante as apresentações. É preciso aprender em
frente do público. É preciso deixar
que exista uma osmose entre o
palco e a platéia", defendia a atriz.
"Sarah enxergava no teatro uma
forma de reabilitação moral para
a sociedade", explica a curadora
da mostra.
Nos palcos, Sarah representou
uma lista de personagens célebres
da história da dramaturgia mundial, entre eles Lady Macbeth, Joana D'Arc, Cleópatra e Teodora.
Mas os dois personagens mais representados por ela ao longo de
sua extensa carreira foram a Dama das Camélias e Fedra. Sarah
também representou personagens masculinos, como Hamlet.
Depois de ter acumulado experiência na Comédie-Française, a
atriz montou sua própria companhia de teatro, com a qual excursionou pelo mundo -o grupo
passou pela América do Sul, inclusive pelo Brasil, entre 1891 e
1893.
A atriz, mãe de apenas um filho,
Maurice, teve sua vida recontada
por uma de suas netas, Lysiane,
na biografia "Sarah Berhnardt,
Minha Avó".
(CLAUDIA ASSEF)
Exposição: Sarah Berhnardt ou le Divin Mensonge
Onde: Biblioteca Nacional da França (58,
rue Richelieu, tel. 00/xx/33/1/4703-8126, Paris)
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