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CINEMA
Crítica/ "Amor Sem Escalas"
Diretor Jason Reitman repete fórmula de filmes anteriores
George Clooney faz executivo durão que viaja pelos EUA demitindo pessoas
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Parece exagerada a chuva
de indicações a prêmios
e críticas entusiasmadas que "Amor Sem Escalas"
recebeu nos Estados Unidos.
Quem for ao cinema com expectativa muito alta corre o risco de se decepcionar.
O terceiro longa de Jason
Reitman (filho de Ivan Reitman, diretor de "Os Caça-Fantasmas") repete a mesma fórmula de seus filmes anteriores,
o bom "Obrigado por Fumar" e
o supervalorizado "Juno": é
uma comédia de humor negro
povoada por personagens antipáticos e cínicos, que, no decorrer da história, adquirem uma
certa humanidade e passam
por uma redenção moral.
Aqui, George Clooney, novamente em seu piloto automático de Cary Grant, interpreta
Ryan Bingham, um tubarão
corporativo cujo trabalho é viajar pelos EUA despedindo pessoas. Bingham é frio como gelo
e não se comove com as reações
desesperadas dos demitidos. É
um personagem moderno, que
prospera na atual crise financeira: "Chegou a nossa hora",
diz o chefe de Bingham, feliz a
cada anúncio de cortes maciços
de empregos.
Bingham não gosta de outras
pessoas. Não tem mulher nem
filhos e vive num flat vazio. Seu
maior prazer é voar de avião e
hospedar-se em hotéis.
Seu ano consiste de "322 dias
maravilhosos na estrada e 43
dias miseráveis em casa". Ele
dá palestras motivacionais sobre a necessidade de não se
prender a nada e tem como
mantra: "Sua vida deve caber
dentro de uma mala".
Dois acontecimentos sacodem seu mundo: primeiro, uma
ambiciosa estagiária, Natalie
Keener (Anna Kendrick), sugere ao chefe da empresa um novo método de demitir pessoas
pela internet, e o próprio emprego de Bingham é colocado
em risco. Depois, ele encontra,
no bar de um hotel, Alex (Vera
Farmiga, de "Os Infiltrados"),
outra ninja corporativa, que leva para a cama em cinco minutos. A chegada dessas duas mulheres o faz rever suas crenças.
Pouco a pouco, a couraça vai
amolecendo.
Reitman, que escreveu o roteiro, tem um bom ouvido para
diálogos, embora abuse de frases de efeito que parecem saídas de alguma série televisiva
como "The Office" (que chegou
a dirigir). Em compensação,
sua escolha de trilha sonora
beira a pieguice. Assim como
"Juno", "Amor Sem Escalas"
parece um mau videoclipe.
O epílogo do filme marca a
redenção do personagem e é
quase insuportável, de tão previsível e meloso. O tubarão finalmente se confronta com a
"verdade", e ela é dura demais
até para ele.
AMOR SEM ESCALAS
Direção: Jason Reitman
Produção: EUA, 2009
Com: George Clooney, Vera Farmiga
Onde: ABC Plaza, Cidade Jardim, Pátio
Higienópolis e circuito
Classificação: 12 anos
Avaliação: regular
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