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CINEMA/ESTRÉIAS
A família monstro
Divulgação
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Halle Berry em cena de "A Última Ceia" |
Marc Forster, diretor de "A Última Ceia", fala sobre chances do
filme no Oscar e projetos futuros
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SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A HOLLYWOOD
"A Última Ceia" (The Monster's Ball, o "baile dos monstros"
no título original) é o filme mais
sério, mais "de adulto" (no sentido de ser o contrário da média de
Hollywood, "de adolescente") a
concorrer em alguma categoria
no Oscar de domingo.
Concorre logo em duas: atriz
(Halle Berry) e roteiro (Milo Addica e Will Rokos), ambas desempenhos mais que merecidos, a
primeira com chances reais. O
maestro desta orquestra afinada é
o suíço Marc Forster, 32. O diretor
do filme, que estréia hoje, falou à
Folha sobre o que muda na vida a
indicação ao Oscar ("Nada", foi a
resposta). Leia abaixo.
Folha - Vamos tirar logo o bode
do meio da sala: quem você acha
que leva o Oscar de melhor atriz e
roteiro no domingo?
Marc Forster - Sissy Spacek e
"Gosford Park". Infelizmente, a
concorrência é muito boa. Mas
nunca o Oscar esteve tão confuso,
então não afirmo nada com certeza, tudo pode acontecer.
Folha - E isso realmente importa
para você? A indicação mudou algo
em sua vida?
Forster - Na verdade, nada. A
única coisa boa é que "A Última
Ceia" ficou mais conhecido depois da indicação, e então mais
gente está assistindo. E é para isso
que você faz um filme, não?
Folha - Como você chegou a este
roteiro tão particular?
Forster - Pouca gente sabe, mas
eu tenho um longa anterior,
"Everything Put Together", de
2000, que inclusive vai ser finalmente lançado em DVD e vídeo
no dia 8 de abril, outra coisa boa
da indicação ao Oscar. O filme ficou duas semanas em cartaz, foi
um fracasso de público, mas os
críticos gostaram, assim como
Adam Forgarsh, o produtor. Então, quando ele colocou as mãos
no texto de "Monster's Ball", pensou imediatamente em mim.
Folha - Halle Berry não era sua
primeira escolha para o papel principal feminino. Por quê?
Forster - Na verdade, nunca tive
uma primeira escolha. Mas não
estava certo se ela seguraria o papel, achava Halle muito bonita e
glamourosa. Nós nos encontramos duas vezes, por insistência
dela, que mostrou tanta convicção e paixão que me convenceu.
Folha - Você está trabalhando em
dois filmes agora, não?
Forster - Sim, o primeiro é "Never Land", uma biografia do criador de "Peter Pan", o escritor e
dramaturgo britânico J.M. Barrie.
Tento mostrar como ele chegou
ao personagem, de onde vinha
sua criatividade. Depois, faço
"Dallas Buyer's Club". Fala da vida de Ron Woodroof, heterossexual que contraiu Aids em 1980.
Ele foi um dos primeiros a aceitar
testar drogas novas, não por ser
humanitário -na verdade no começo ele era racista e homofóbico- mas para ganhar dinheiro.
Depois, virou um dos principais
defensores da causa.
A expressão do título, "buyer's
club" (clube dos compradores), se
refere às farmácias ilegais que
vendem drogas contra a Aids ainda em teste e não aprovadas pelo
FDA (o órgão fiscalizador da saúde nos EUA) ou contrabandeadas
mais baratas de outros países que
pagam poucos ou nenhum royalty, como o Brasil.
Folha - Por falar nisso, o que acha
de o país não ter sido indicado para
o Oscar estrangeiro?
Forster - Conheço muito pouco
do cinema brasileiro, gosto das
coisas do Walter Salles e adoro
"Orfeu Negro (1959). Vocês consideram o filme brasileiro?
Folha - Franco-brasileiro, sim.
Forster - Então, adoro, principalmente a trilha sonora.
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