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ABL não consegue
eleger substituto
de Roberto
Campos
DA SUCURSAL DO RIO
E FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não foi desta vez que a cobiçada
cadeira número 21 da ABL (Academia Brasileira de Letras), vaga
desde a morte do acadêmico Roberto Campos em outubro passado, conheceu seu novo ocupante.
Ontem, nenhum dos três favoritos -o escritor Paulo Coelho, 54,
o sociólogo Hélio Jaguaribe, 78, e
o diplomata Mario Gibson Barboza, 84- conseguiu obter os 19 votos necessários para se eleger.
Agora, uma nova eleição acontecerá em 25 de julho. As inscrições estão abertas até 21 de maio,
a qualquer candidato, mesmo que
não tenha concorrido desta vez.
Dos 39 membros da academia,
apenas 37 votaram, pois o jurista
Raymundo Faoro e a escritora Zélia Gattai, eleitos recentemente,
ainda não podem votar.
A disputa acirrada fez com que
19 acadêmicos, um número mais
alto do que o habitual, comparecessem para votar. Os demais enviaram seus votos por carta.
Seguindo as tradições da ABL,
quatro escrutínios foram realizados. No entanto, ninguém obteve
os 19 votos necessários para a vitória (veja quadro ao lado).
Ao saber do impasse, Paulo
Coelho abraçou a mulher, Cristina Oiticica, como se comemorasse uma vitória. "Acho que minha
candidatura foi gloriosa. Há cinco
anos, seria considerado uma heresia eu me candidatar à ABL,
mas já não existe o preconceito."
Apesar do resultado, que, segundo acadêmicos, tornou a candidatura mais forte para o próximo pleito, Jaguaribe disse que não
sabe se concorrerá de novo.
"Fico muito grato com a votação simpática que recebi, mas vou
conversar com todos os que votaram em mim para decidir se me
apresento novamente", disse.
Já Coelho garantiu que concorrerá novamente. "A disputa não
acabou. Vamos agora para a prorrogação", disse o escritor.
Após o resultado, Gibson Barboza telefonou a Jaguaribe, de
quem é amigo há muitos anos,
para felicitá-lo. Ele não confirmou
a tese, defendida por acadêmicos,
de que vai retirar sua candidatura
em favor da de Jaguaribe. "Estou
feliz com a votação que tive, mas
não sei ainda o que farei."
Nova eleição é recorrente
Mais de uma eleição para uma
vaga na ABL não é incomum.
Houve o caso do jurista Eduardo
Ramos, que, em 1922, se submeteu a uma segunda disputa, mas
morreu antes de tomar posse. Para ocupar a cadeira de Rui Barbosa houve duas disputas em 1923.
O jornalista Laudelino Freire venceu a segunda eleição após a desistência de seus concorrentes.
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