São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 2002

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ABL não consegue eleger substituto de Roberto Campos

DA SUCURSAL DO RIO
E FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não foi desta vez que a cobiçada cadeira número 21 da ABL (Academia Brasileira de Letras), vaga desde a morte do acadêmico Roberto Campos em outubro passado, conheceu seu novo ocupante.
Ontem, nenhum dos três favoritos -o escritor Paulo Coelho, 54, o sociólogo Hélio Jaguaribe, 78, e o diplomata Mario Gibson Barboza, 84- conseguiu obter os 19 votos necessários para se eleger.
Agora, uma nova eleição acontecerá em 25 de julho. As inscrições estão abertas até 21 de maio, a qualquer candidato, mesmo que não tenha concorrido desta vez.
Dos 39 membros da academia, apenas 37 votaram, pois o jurista Raymundo Faoro e a escritora Zélia Gattai, eleitos recentemente, ainda não podem votar.
A disputa acirrada fez com que 19 acadêmicos, um número mais alto do que o habitual, comparecessem para votar. Os demais enviaram seus votos por carta.
Seguindo as tradições da ABL, quatro escrutínios foram realizados. No entanto, ninguém obteve os 19 votos necessários para a vitória (veja quadro ao lado).
Ao saber do impasse, Paulo Coelho abraçou a mulher, Cristina Oiticica, como se comemorasse uma vitória. "Acho que minha candidatura foi gloriosa. Há cinco anos, seria considerado uma heresia eu me candidatar à ABL, mas já não existe o preconceito."
Apesar do resultado, que, segundo acadêmicos, tornou a candidatura mais forte para o próximo pleito, Jaguaribe disse que não sabe se concorrerá de novo.
"Fico muito grato com a votação simpática que recebi, mas vou conversar com todos os que votaram em mim para decidir se me apresento novamente", disse.
Já Coelho garantiu que concorrerá novamente. "A disputa não acabou. Vamos agora para a prorrogação", disse o escritor.
Após o resultado, Gibson Barboza telefonou a Jaguaribe, de quem é amigo há muitos anos, para felicitá-lo. Ele não confirmou a tese, defendida por acadêmicos, de que vai retirar sua candidatura em favor da de Jaguaribe. "Estou feliz com a votação que tive, mas não sei ainda o que farei."

Nova eleição é recorrente
Mais de uma eleição para uma vaga na ABL não é incomum. Houve o caso do jurista Eduardo Ramos, que, em 1922, se submeteu a uma segunda disputa, mas morreu antes de tomar posse. Para ocupar a cadeira de Rui Barbosa houve duas disputas em 1923. O jornalista Laudelino Freire venceu a segunda eleição após a desistência de seus concorrentes.


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