São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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DANÇA

Nureyev merecia uma homenagem melhor

BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO

Um dos mais importantes bailarinos de todos os tempos, o russo Rudolf Nureyev deixou várias marcas na história da dança. Ele deu ao balé status de cultura pop, mudou a maneira como são interpretados personagens e inscreveu traços de sua personalidade forte na Ópera de Paris.
Nada disso, infelizmente, fica claro no documentário "Rudolf Nureyev - Dançando no Escuro", exibido hoje pelo Film&Arts.
O filme se propõe a focar os últimos dez anos da vida de Nureyev (1938-1993), morto em decorrência de Aids. Mas as poucas e valiosas imagens de arquivo do bailarino são intercaladas com depoimentos quase sempre sem substância de amigos e antigos colaboradores, que entram, saem e voltam das telas sem que sejam identificados -pelo menos na versão do documentário a que a Folha teve acesso.
A narração também não chega a funcionar como um fio condutor para esclarecer passagens da trajetória do artista, que assumiu a direção do Balé da Ópera de Paris para transformar a companhia numa das maiores do mundo.
Entre as montagens, o destaque é para "La Bayadère", apresentada pela primeira vez em 1877, no teatro Mariinsky (sede do Kirov), e difundida pelo Europa Ocidental em 1961, durante a turnê da companhia russa em que Rudolf Nureyev pediu asilo (e provocou um escândalo) ao desembarcar no aeroporto de Paris.
Há imagens de um dos apartamentos do bailarino (que colecionava objetos avaliados em muitos milhares de dólares, tapeçarias orientais e gravuras do século 16) e alguma menção à solidão que marcou sua vida.
O personagem é interessante política e artisticamente, mas o filme não está à sua altura. E, só para deixar registrado, Rudolf Nureyev, com todo o respeito, não foi maior que Elvis nem maior que os Beatles. Sim, infelizmente, isso está no documentário.


Rudolf Nureyev - Dançando no Escuro
Quando:
hoje, às 16h e às 23h, no Film&Arts


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