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DANÇA
Nureyev merecia uma homenagem melhor
BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO
Um dos mais importantes bailarinos de todos os tempos, o russo
Rudolf Nureyev deixou várias
marcas na história da dança. Ele
deu ao balé status de cultura pop,
mudou a maneira como são interpretados personagens e inscreveu
traços de sua personalidade forte
na Ópera de Paris.
Nada disso, infelizmente, fica
claro no documentário "Rudolf
Nureyev - Dançando no Escuro",
exibido hoje pelo Film&Arts.
O filme se propõe a focar os últimos dez anos da vida de Nureyev
(1938-1993), morto em decorrência de Aids. Mas as poucas e valiosas imagens de arquivo do bailarino são intercaladas com depoimentos quase sempre sem substância de amigos e antigos colaboradores, que entram, saem e voltam das telas sem que sejam identificados -pelo menos na versão
do documentário a que a Folha
teve acesso.
A narração também não chega a
funcionar como um fio condutor
para esclarecer passagens da trajetória do artista, que assumiu a
direção do Balé da Ópera de Paris
para transformar a companhia
numa das maiores do mundo.
Entre as montagens, o destaque
é para "La Bayadère", apresentada pela primeira vez em 1877, no
teatro Mariinsky (sede do Kirov),
e difundida pelo Europa Ocidental em 1961, durante a turnê da
companhia russa em que Rudolf
Nureyev pediu asilo (e provocou
um escândalo) ao desembarcar
no aeroporto de Paris.
Há imagens de um dos apartamentos do bailarino (que colecionava objetos avaliados em muitos
milhares de dólares, tapeçarias
orientais e gravuras do século 16)
e alguma menção à solidão que
marcou sua vida.
O personagem é interessante
política e artisticamente, mas o filme não está à sua altura. E, só para
deixar registrado, Rudolf Nureyev, com todo o respeito, não foi
maior que Elvis nem maior que os Beatles. Sim, infelizmente, isso está no documentário.
Rudolf Nureyev - Dançando no Escuro
Quando: hoje, às 16h e às 23h, no Film&Arts
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