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ARTES VISUAIS
Angela Detanico e Rafael Lain reorganizam mapa em trabalho selecionado para o evento por Alfons Hug
Artistas recortam o mundo para a Bienal
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto na Bienal de Arquitetura de Veneza a dupla Angela
Detanico e Rafael Lain exibe uma
nova representação para o caos
urbano brasileiro, na 26ª Bienal
Internacional de São Paulo, programada para ser aberta no dia 25
de setembro, é a própria configuração do mundo o tema do trabalho a ser apresentado, com a obra
"O Mundo Alinhado".
Em três painéis, Lain e Angela
secionam um mapa do mundo
em várias linhas horizontais, como se fossem frases, e as reorganizam a partir de um princípio muito conhecido por qualquer pessoa
que trabalha com um programa
de redação de texto: centralizado,
alinhado à esquerda e alinhado à
direita.
"Transformamos o mundo em
um texto para apontar o caráter
de convenção que existe na representação", afirma Angela. Segundo o curador Alfons Hug, responsável pela 26ª Bienal, o trabalho
foi escolhido pois se trata de "uma
dupla promissora na escultura jovem com linguagem plástica convincente e rica em metáforas, com
uma boa dose de humor".
No texto do catálogo preparado
para a Bienal,
a curadora e crítica de arte Lisette
Lagnado analisa a dupla como
"hackers que atuam dentro da legalidade da arte". "Nós vemos o
hacker como alguém que quebra
os códigos e lhes dá novos significados, e, de fato, é isso que fazemos em nossos trabalhos", diz
Rafael Lain.
Currículo
Nascidos em Caxias do Sul, no
Rio Grande do Sul, o percurso de
Angela e Lain é marcado pelo cruzamento de várias disciplinas.
Lain, autodidata, trabalhou com
design em grandes empresas até
chegar à MTV, em 1996, onde ficou por oito meses. Saiu de lá para
montar a própria empresa, junto
com Angela, que havia feito mestrado em comunicação e semiótica na PUC de São Paulo.
O caminho da produção comercial, com catálogos, por exemplo,
para a produção artística é visto
como "natural" para a dupla, que
vive junta desde 1991. Mas foi em
2001, no entanto, com a criação de
uma tipografia com cor e som que
a cena artística passou a fazer parte do cotidiano do casal.
"Procuramos não pensar muito
sobre isso, ou dividir nosso trabalho em comercial e artístico", afirma Lain. Entretanto foi a temporada francesa no Palais de Tokyo
que garantiu o impulso deles à
produção artística, segundo Angela: "Paris foi um período de
transição, o impacto foi grande,
pois lá nós só trabalhamos em
projetos nossos, acompanhados
por curadores e discutindo com
outros artistas".
(FABIO CYPRIANO)
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