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MÚSICA
Evento seria em local histórico
Show de grupo brasileiro vai à Justiça italiana
ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA
A estréia do coletivo formado
pelos VJs do Embolex, o DJ Érico
"Periférico" Theobaldo e o rapper
Gaspar (Z'África Brasil), em Vignalello, na Província italiana de
Viterbo, era para ser uma inocente performance de hip hop e música eletrônica, com projeções de
imagens ao vivo, mas acabou provocando uma briga familiar e um
burburinho que foi parar na Justiça e nas páginas dos jornais da pacata cidade de 3.000 pessoas, a 80
km de Roma. O motivo da briga é
o lugar da apresentação, que deveria acontecer hoje, em um parque anexo ao castelo Ruspoli,
construído no século 8 e que abriga ainda um jardim histórico.
O convite foi feito pela produtora italiana Giada Ruspoli, 55, descendente da família que dá nome
à construção e herdeira da família
Matarazzo, no Brasil. O evento faz
parte de um projeto que ela mantém, o Transformarte, que promove o trabalho de artistas brasileiros na Europa. Porém um parecer emitido pela Justiça local a pedido de sua irmã nascida no Brasil, Cláudia Ruspoli, 56, proibiu a
realização do show.
"O argumento da Justiça é que
estou modificando a destinação
cultural de um "bem em comum'", explica Giada. "Para minha irmã, bens culturais antigos
não são compatíveis com esse tipo de apresentação. Ela não considera essa música [eletrônica]
como cultura", diz a produtora,
lembrando que o parque já foi
palco de um concerto de Haendel.
Claudia Ruspoli fala pouco sobre o caso. Afirma que está triste
com a repercussão e que existem
diferenças culturais entre ela e a
irmã. "Eu amo música para jovens e tenho certeza de que o Embolex é fantástico, mas a apresentação deles pode danificar o parque", diz. "O Brasil não tem locais
históricos como a Europa, que
precisam ser protegidos. Esse tipo
de show deve ser feito em um espaço público, em um estádio ou
em uma discoteca", conclui.
Giada conta que tem o apoio do
Ministério da Cultura italiano para promover os shows e que vai
mover uma ação contra a irmã.
"Eles vão tocar de qualquer jeito,
mesmo que o parque esteja vazio,
porque são meus convidados e esta é a minha casa."
Mesmo sem fazer a apresentação, os brasileiros saem ganhando. "A repercussão nos jornais foi
a melhor propaganda para nós",
disse o VJ Fernão Ciampa, do
Embolex.
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