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PERSONALIDADE
Um dos principais pensadores do pós-guerra, seus trabalhos investigam hermenêutica e fenomenologia
Filósofo francês Paul Ricoeur morre aos 92 anos
DA REDAÇÃO
Morreu na última sexta, aos 92,
o filósofo cristão francês Paul Ricoeur, um dos mais importantes
pensadores do pós-guerra.
Ele sofria com problemas no coração há vários meses e morreu
em sua casa em Chatenay Malabry, na região de Paris, enquanto dormia, segundo disse seu amigo e também filósofo Olivier Abel.
Ricoeur ficou conhecido por
seus trabalhos no campo da fenomenologia -estudos de como as
percepções humanas definem
uma pessoa- e era um dos principais pensadores da hermenêutica (filosofia da interpretação).
Seus numerosos livros, distribuídos num período de meio século, mostram uma forma singular de engajamento nos debates
tanto teóricos quanto políticos.
Entre suas obras, que marcaram
toda uma geração de filósofos
franceses, particularmente Derrida e Lyotar, estão "Teoria da Interpretação" e o monumental
"Tempo e Narrativa" (em três volumes), que investiga a fenomenologia do tempo, a historiografia
e a teoria literária, desde santo
Agostinho até Heidegger.
Nascido em 1913 em Valence
(França), Ricoeur ficou órfão cedo e foi educado pelos avós protestantes. Era o herdeiro espiritual
da fenomenologia de Husserl e do
existencialismo cristão.
Catedrático em filosofia e doutor em letras, tornou-se professor
em 1933. Quando a Segunda
Guerra estourou, lecionava na
França e terminou passando a
maior parte do conflito preso
num campo de concentração.
Membro do comitê da revista
"Esprit" a partir de 1947, começou
a publicar seus estudos nos anos
50, particularmente sua tese sobre
a filosofia da vontade. Na década
de 60, enfocou seus trabalhos na
psicanálise freudiana ("Da Interpretação - Ensaio sobre Freud").
Depois de sua demissão em
1970 da Universidade de Nanterre, Ricoeur deu aulas na Universidade de Chicago e foi diretor da
"Revista de Metafísica e Moral".
Em novembro de 2004, ele foi
agraciado com o Prêmio John W.
Kluge, honraria americana que
concede US$ 1 milhão para pensadores de ciências humanas. Ele
dividiu o dinheiro com o historiador Jaroslav Pelikan.
"Perdemos hoje mais que um filósofo", afirmou o primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, em uma nota oficial. "Toda a
tradição humanista da Europa está de luto por um de seus mais talentosos interlocutores."
Militante socialista desde 33 e
profundamente cristão, Ricoeur
era viúvo e pai de cinco filhos.
Doente há meses, deixou instruções para que seu funeral fosse limitado a amigos próximos e familiares. A data e o local da cerimônia não foram divulgados.
Com agências internacionais
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