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Estrela black se vê em papel-título
ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles
Símbolo sexual dos filmes do
"blaxploitation" dos anos 70, a
atriz Pam Grier viu sua carreira inflar e murchar. Em 97, o chamado
de Quentin Tarantino para estrelar "Jackie Brown" a tirou do
limbo dos pequenos papéis e a colocou de novo no mercado das
atrizes mais procuradas.
Pessoalmente Pam Grier é muito
mais atraente do que nas telas.
Mesmo reclamando por ter começado o dia muito cedo e não ter
tido tempo de tomar café da manhã, ela irradia beleza e alto-astral
ao conversar com a imprensa internacional pouco antes do lançamento do filme nos EUA.
Folha - Como você se sentiu ao
ser escolhida para o papel principal de "Jackie Brown"?
Pam Grier - Não preciso nem
dizer que, com tantas estrelas querendo trabalhar com ele, me senti
muito especial ao ser escolhida.
Folha - Este parece ser o ponto
alto de sua carreira. Você não chegou a desanimar ao ter que esperar tanto pelo sucesso?
Grier - Houve uma época em
que meu talento foi muito procurado, mas eu não teria a maturidade para interpretar Jackie Brown.
Folha - Será que o público se
identifica com uma mulher tão sofrida como Jackie Brown?
Grier - Acho que o público gosta dela porque ela tem a confiança,
a experiencia e o instinto dos anos
de desapontamentos e sucessos.
Ela tem uma vida completa e usa
todos os seus recursos.
Folha - De certa forma, você estaria representando a si mesma?
Grier - É verdade. Compartilho
muitos dos problemas sociais enfrentados por Jackie. Acho incrível
que, mesmo Quentin sendo tão
privilegiado na indústria cinematográfica, ele tenha conseguido ver
isso. Ele sabe que eu passei por vários anos de altos e baixos em minha carreira.
Folha - É verdade que você teve
sérios problemas de saúde?
Grier - Sim. Não quero falar a
respeito. Basta dizer que corri risco de vida em 1988, e chegaram a
me dar 18 meses de vida.
Folha - Como você se sente ao ter
reiniciado sua carreira e até mesmo ter reiniciado a sua vida?
Grier - Eu me sinto como o coelho daquele comercial de pilhas.
Minha energia não acaba nunca,
pois tenho paixão por atuar.
Folha - Você acha que o cinema
deveria dar mais atenção aos atores negros?
Grier - Não acho que seja uma
questão de raça, e sim de capacidade de gerar bilheteria. O público
tem que pagar para ver os filmes, e
a parcela mais rica da população
são os homens brancos. Eles querem assistir pessoas como Tom
Hanks, com quem se identificam.
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