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SEXO
Espectro da Aids passou
do enviado a Cannes
Há muito tempo não se transava
tanto em Cannes. Ao menos nas
telas. O espectro da Aids havia tornado mais pudico o cinema visto
na Croisette.
Todo cuidado ainda continua
sendo pouco, mas tudo se passa
como se o pior da crise já estivesse
para trás. É ter critério e responsabilidade. Mas não foi bem assim
no quente cardápio fílmico deste
ano.
Em Cannes 98, o sexo explícito
foi muito além de seu tradicional
feudo anual com a entrega do
Hot's D'Or, o Oscar para a indústria internacional da pornografia
filmada, entregue ontem.
"Idioterne", de Lars von Trier,
apresentou uma breve cena de penetração em plena sessão de gala.
As más línguas dizem que é o único momento de real radicalismo
de todo o filme.
"Idioterne" trouxe ainda de
volta a promiscuidade, numa isolada sequência de sexo grupal.
Múltiplos parceiros ao mesmo
tempo ainda é coisa rara, mas a alta rotatividade das prostitutas esteve presente em nada menos que
três filmes da seleção oficial.
A estupenda Katrin Cartlidge
passa ao menos metade de suas cenas em ação com clientes em
"Claire Nolan". A jovem heroína
do sensível "Kanzo Sensei", de
Shohei Imamura, luta até o final
para se redimir da prostituição à
qual foi forçada pela Segunda
Guerra. Já em "Flowers of Shanghai", de Hou Hsiao-hsien, tudo
se passa nos bordéis de luxo da
China do final do século passado.
Fossem outros os tempos, "El
Evangelio de las Maravilhas", de
Arturo Ripstein, teria provocado
um senhor escândalo na mostra
Um Certo Olhar. Na Canudos deste final de século criada pelo mexicano, a nova Maria é uma promíscua adolescente que comanda um
prostíbulo. Para manter-se virgem, opta pelo sexo anal.
Mas Cannes 98 foi mesmo tomada por uma avalanche de filmes
sobre crimes e tabus sexuais. A
violência sexual contra menores é
o tema central do soberbo "Happiness", de Todd Solondz (exibido na Quinzena dos Realizadores), do original "Island, Alicia",
de Ken Yunome (Um Certo
Olhar), e em dois filmes da competição: "La Classe de Neige" (A
Aula de Esqui), de Claude Miller, e
"Festen" (Festa em Família), de
Thomas Vinterberg.
(AL)
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