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Portugal chega à Expo-98
do enviado a Lisboa
Um país que não consegue deixar de olhar o passado inaugura
hoje o que deve ser mais um orgulho no futuro, a Expo-98. Na última grande feira mundial do século, Portugal espera receber até 15
milhões de visitantes -a população do país é de cerca de 10 milhões.
Cerca de 5.000, isto mesmo,
5.000 espetáculos culturais estão
programados para os 132 dias da
Expo. Ao todo, 147 países participam do evento.
"Do fado ao pop-rock, do jazz
ao rap, da música erudita à world
music, do teatro aos desfiles de
moda, da dança ao circo e à magia.
E ainda espetáculos multimídia,
transmissões televisivas, filmes,
reportagens e, no final da noite,
ainda terá música para dançar",
promete o site do evento, www.
expo98.pt.
A exposição foi dividida em quatro grandes ciclos, que representam os elementos fogo (até 23 de
junho), terra (de 24 de junho a 26
de julho), água (de 27 de julho a 28
de agosto) e ar (de 29 de agosto a
30 de setembro).
Essa "dramaturgia" pretende
fazer da Expo-98 um espetáculo
"uno, único e utópico".
Hoje, a previsão é de que cerca
de 200 milhões de pessoas assistirão pela TV à cerimônia de abertura da exposição.
Além dos discursos oficiais, a
grande atração de hoje é o concerto que reunirá o tenor José Carreras e Teresa Salgueiro, a estrela do
grupo Madredeus, às 17h no horário de Brasília.
A parcela que cabe ao Brasil neste latifúndio é pequena. São cerca
de 30 espetáculos programados. A
maioria deve se concentrar em 13
de junho, dia dedicado ao Brasil.
O primeiro evento brasileiro, da
coreógrafa Deborah Colker, acontece hoje. No dia 24, é a vez da cantora Maria Bethânia.
Também estão previstas apresentações do grupo de dança Corpo, do cantor Ney Matogrosso e
do compositor e ator Antônio Nóbrega. Gilberto Gil e Caetano Veloso estão entre os convidados da
exposição.
Sucesso devem fazer Gabriel o
Pensador, Fernanda Abreu e,
principalmente, Skank. Prêmio
em escudos para quem passar
uma noite em Lisboa sem ouvir
"Garota Nacional" ou "É uma
Partida de Futebol".
Mas esses eventos são só uma
parte da ambição da Expo-98.
Um dos primeiros a participar
da organização do evento, António Cardoso e Cunha resume bem
essa ambição e o passado como
referência numa frase: "Como no
século 15 os portugueses foram
capazes de fazer, os portugueses
farão agora".
O atual comissário-geral José
Torres Campos promete que todos os setores estarão funcionando. Num grande teste de 9 de
maio, a organização foi posta à
prova, e os problemas que existiam puderam aparecer. Neste dia,
cerca de 15 mil pessoas visitaram o
pavilhão principal, dos Oceanos, e
10 mil os do Futuro e da Utopia.
A exposição ocorre na região antes deteriorada de Lisboa, em torno do cais de Olivais, Tejo acima.
Um abatedouro, um lixão, uma
fábrica de armas e uma refinaria
de petróleo foram removidos do
local. O projeto, concebido pelo
arquiteto português Manuel Salgado, prevê que os novos edifícios
formem um núcleo urbano após o
fim do evento, em 30 de setembro.
O grande tema da Expo são os
oceanos, natural para quem comemora 500 anos da chegada de
Vasco da Gama à Índia.
A grande atração é o conjunto de
tanques que representam os oceanos, com 200 espécies vivas (o
conjunto tem para a Expo-98 o
mesmo valor que a Torre Eiffel teve para a feira de Paris, em 1900),
desenhado pelo arquiteto norte-americano Peter Chermayeff. Foram quase quatro anos de construção, iniciada em 1994.
(HCS)
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