São Paulo, sexta, 22 de maio de 1998

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Portugal chega à Expo-98

do enviado a Lisboa

Um país que não consegue deixar de olhar o passado inaugura hoje o que deve ser mais um orgulho no futuro, a Expo-98. Na última grande feira mundial do século, Portugal espera receber até 15 milhões de visitantes -a população do país é de cerca de 10 milhões. Cerca de 5.000, isto mesmo, 5.000 espetáculos culturais estão programados para os 132 dias da Expo. Ao todo, 147 países participam do evento. "Do fado ao pop-rock, do jazz ao rap, da música erudita à world music, do teatro aos desfiles de moda, da dança ao circo e à magia. E ainda espetáculos multimídia, transmissões televisivas, filmes, reportagens e, no final da noite, ainda terá música para dançar", promete o site do evento, www. expo98.pt. A exposição foi dividida em quatro grandes ciclos, que representam os elementos fogo (até 23 de junho), terra (de 24 de junho a 26 de julho), água (de 27 de julho a 28 de agosto) e ar (de 29 de agosto a 30 de setembro). Essa "dramaturgia" pretende fazer da Expo-98 um espetáculo "uno, único e utópico". Hoje, a previsão é de que cerca de 200 milhões de pessoas assistirão pela TV à cerimônia de abertura da exposição. Além dos discursos oficiais, a grande atração de hoje é o concerto que reunirá o tenor José Carreras e Teresa Salgueiro, a estrela do grupo Madredeus, às 17h no horário de Brasília. A parcela que cabe ao Brasil neste latifúndio é pequena. São cerca de 30 espetáculos programados. A maioria deve se concentrar em 13 de junho, dia dedicado ao Brasil. O primeiro evento brasileiro, da coreógrafa Deborah Colker, acontece hoje. No dia 24, é a vez da cantora Maria Bethânia. Também estão previstas apresentações do grupo de dança Corpo, do cantor Ney Matogrosso e do compositor e ator Antônio Nóbrega. Gilberto Gil e Caetano Veloso estão entre os convidados da exposição. Sucesso devem fazer Gabriel o Pensador, Fernanda Abreu e, principalmente, Skank. Prêmio em escudos para quem passar uma noite em Lisboa sem ouvir "Garota Nacional" ou "É uma Partida de Futebol". Mas esses eventos são só uma parte da ambição da Expo-98. Um dos primeiros a participar da organização do evento, António Cardoso e Cunha resume bem essa ambição e o passado como referência numa frase: "Como no século 15 os portugueses foram capazes de fazer, os portugueses farão agora". O atual comissário-geral José Torres Campos promete que todos os setores estarão funcionando. Num grande teste de 9 de maio, a organização foi posta à prova, e os problemas que existiam puderam aparecer. Neste dia, cerca de 15 mil pessoas visitaram o pavilhão principal, dos Oceanos, e 10 mil os do Futuro e da Utopia. A exposição ocorre na região antes deteriorada de Lisboa, em torno do cais de Olivais, Tejo acima. Um abatedouro, um lixão, uma fábrica de armas e uma refinaria de petróleo foram removidos do local. O projeto, concebido pelo arquiteto português Manuel Salgado, prevê que os novos edifícios formem um núcleo urbano após o fim do evento, em 30 de setembro. O grande tema da Expo são os oceanos, natural para quem comemora 500 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia. A grande atração é o conjunto de tanques que representam os oceanos, com 200 espécies vivas (o conjunto tem para a Expo-98 o mesmo valor que a Torre Eiffel teve para a feira de Paris, em 1900), desenhado pelo arquiteto norte-americano Peter Chermayeff. Foram quase quatro anos de construção, iniciada em 1994.

(HCS)



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