São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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RELÂMPAGOS A véspera JOÃO GILBERTO NOLL Ele se preparava todo, não tanto na parte visível do corpo, porque nem tinha mais exatamente essa parte visível. Só pele e osso. E uma infindável memória de dias melhores na pele. Um corpo até imperativo em algumas noites. Isso! Sobretudo ao beber o vinho que lhe dava, digamos, certa nobreza em estar em si mesmo. Um inquilino perdulário daquele metro e oitenta de altura, entre uma princesa e outra, diante talvez de um escudeiro tão forte quanto ele na arte de "hablar". Mas hoje ele estava ali, preparando-se lentamente, no andamento do fôlego. Ali, vivendo a véspera indecisa, abrindo o armário com esforço, trocando a fronha, quem sabe a senha. Ali, ouvindo um murmúrio de fora, de lá, daquele vento brando na relva da coxilha que ele já não via mais...




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