São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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"UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS"
O rei voltou, e para te salvar, em pesadelo bom com Keitel

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Um Estranho Chamado Elvis" é uma espécie de pesadelo bom: você perdeu sua mulher em um choque com um trem e decide sair por aí em seu Cadillac sem a porta esquerda, até que encontra um estranho pedindo carona no meio da estrada.
O homem de meia-idade segura uma placa de papelão em que se lê "Graceland" -nome de mansão em Memphis e alvo de peregrinações dos fãs de seu proprietário, Elvis Presley. O "freak" sobe no carro e se apresenta: "Eu sou Elvis".
OK, ele está diferente, mais baixo, com o topete ralo e, para um homem de 60 anos, em bem melhor forma do que o cantor aos 42, quando teria deixado este mundo (em 1977). Dá para acreditar que Elvis não morreu e está voltando para casa?
Como num pesadelo, todo mundo ao redor parece não ter nenhuma dúvida de que, sim, o caronista (Harvey Keitel, de "Cães de Aluguel" e "O Piano") é mesmo o finado Elvis Presley.
Menos o rapaz que o leva de carona até o Tennessee, Byron Gruman (Johnathon Schaech, de "The Wonders - O Sonho Não Acabou").
Seja quem for, o Elvis-Keitel vai se revelando um anjo protetor dos infelizes que rondam pelas estradas norte-americanas. Se Jesus ainda não voltou, o rei do rock está de novo na Terra para te salvar.
A "missão" do "The Pelvis" redivivo é traduzida em uma frase de efeito: "Todo mundo precisa de um guia. Que importa que seja Jesus, Buda ou Elvis?". É isso aí.
Em uma mesa de cassino, Elvis reencontra Marilyn Monroe (Bridget Fonda, de "Jackie Brown" e "Mulher Solteira Procura") e logo depois Clark Gable, Judy Garland, Humphrey Bogart e Sammy Davis Jr. -vividos por aquele tipo de gente que ganha o pão imitando astros de Hollywood já idos em shows kitsch pelo interior dos EUA. Não deixa de ser engraçado.
Na hora da verdade, o rei tem de mostrar que ele é ele mesmo, subir ao palco e cantar. É o ápice da incrível interpretação de Harvey Keitel em um longa-metragem divertido que troca, no final, a melancolia dominante pelo melodrama. Pena.
De qualquer maneira, foi feito para os fãs do homem. É genial "reencontrá-lo", a trilha sonora é obviamente impecável, Graceland se deixa ver por quem nunca pôde ir a Memphis.
E lá nos créditos aparece a autorização "oficial": a viúva, Priscilla Presley, é produtora executiva da película. Ousadias que pudessem fazer o rei revirar-se na tumba não podiam mesmo estar no roteiro.


Um Estranho Chamado Elvis
Finding Graceland     Direção: David Winkley Produção: EUA, 1999 Com: Harvey Keitel, Johnathon Schaech, Bridget Fonda Quando: a partir de hoje nos cines Pátio Higienópolis 4, Interlar Aricanduva 10, Raposo Shopping 3 e circuito




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