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"UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS"
O rei voltou, e para te salvar, em pesadelo bom com Keitel
CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Um Estranho Chamado
Elvis" é uma espécie de
pesadelo bom: você perdeu sua
mulher em um choque com um
trem e decide sair por aí em seu
Cadillac sem a porta esquerda, até
que encontra um estranho pedindo carona no meio da estrada.
O homem de meia-idade segura
uma placa de papelão em que se lê
"Graceland" -nome de mansão
em Memphis e alvo de peregrinações dos fãs de seu proprietário,
Elvis Presley. O "freak" sobe no
carro e se apresenta: "Eu sou Elvis".
OK, ele está diferente, mais baixo, com o topete ralo e, para um
homem de 60 anos, em bem melhor forma do que o cantor aos 42,
quando teria deixado este mundo
(em 1977). Dá para acreditar que
Elvis não morreu e está voltando
para casa?
Como num pesadelo, todo
mundo ao redor parece não ter
nenhuma dúvida de que, sim, o
caronista (Harvey Keitel, de "Cães
de Aluguel" e "O Piano") é mesmo o finado Elvis Presley.
Menos o rapaz que o leva de carona até o Tennessee, Byron Gruman (Johnathon Schaech, de
"The Wonders - O Sonho Não
Acabou").
Seja quem for, o Elvis-Keitel vai
se revelando um anjo protetor
dos infelizes que rondam pelas estradas norte-americanas. Se Jesus
ainda não voltou, o rei do rock está de novo na Terra para te salvar.
A "missão" do "The Pelvis" redivivo é traduzida em uma frase
de efeito: "Todo mundo precisa
de um guia. Que importa que seja
Jesus, Buda ou Elvis?". É isso aí.
Em uma mesa de cassino, Elvis
reencontra Marilyn Monroe
(Bridget Fonda, de "Jackie
Brown" e "Mulher Solteira Procura") e logo depois Clark Gable,
Judy Garland, Humphrey Bogart
e Sammy Davis Jr. -vividos por
aquele tipo de gente que ganha o
pão imitando astros de Hollywood já idos em shows kitsch pelo interior dos EUA. Não deixa de
ser engraçado.
Na hora da verdade, o rei tem de
mostrar que ele é ele mesmo, subir ao palco e cantar. É o ápice da
incrível interpretação de Harvey
Keitel em um longa-metragem divertido que troca, no final, a melancolia dominante pelo melodrama. Pena.
De qualquer maneira, foi feito
para os fãs do homem. É genial
"reencontrá-lo", a trilha sonora é
obviamente impecável, Graceland se deixa ver por quem nunca
pôde ir a Memphis.
E lá nos créditos aparece a autorização "oficial": a viúva, Priscilla
Presley, é produtora executiva da
película. Ousadias que pudessem
fazer o rei revirar-se na tumba
não podiam mesmo estar no roteiro.
Um Estranho Chamado Elvis
Finding Graceland
Direção: David Winkley
Produção: EUA, 1999
Com: Harvey Keitel, Johnathon Schaech,
Bridget Fonda
Quando: a partir de hoje nos cines Pátio
Higienópolis 4, Interlar Aricanduva 10,
Raposo Shopping 3 e circuito
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