ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A temporada de moda de primavera-verão 2002 começa hoje com a edição da Casa de Criadores, evento que reúne jovens estilistas e promissores talentos da moda surgidos em sua maioria na cena underground e na seara das faculdades de moda de São Paulo. A São Paulo Fashion Week acontece logo na sequência, a partir de quarta-feira.
A primeira novidade é o local: sai o distante galpão perto do Ceagesp e entra o estádio do Pacaembu. Os desfiles agora são em blocos, dois ao dia. A idéia inicial era ter duas salas para acomodar os convidados nos dois horários, mas por causa da crise de energia o evento abriu mão de uma sala: "Tivemos problemas com gerador e com o apagão os preços estão estratosféricos", justifica o diretor do evento, André Hidalgo.
Só quem desfila à volta da piscina do estádio é Ocimar Versolato, estilista de carreira internacional que pela primeira vez participa de uma temporada brasileira. "Estou dando a cara para bater mesmo, todo desfile é assim", diz Versolato, diante da expectativa sobre o que vai mostrar na Casa de Criadores. Depois de 15 anos em Paris, Versolato vive um recomeço e desfila aqui uma coleção de jeanswear e uma de vestidos de luxo -que lhe deram notoriedade.
A novidade é o índigo diferenciado da Vicunha, que vira pied-de-poule e ganha tratamento de alfaiataria. É tudo muito simples, segundo Versolato. "Não sei se é isso o que as pessoas estão esperando, mas esse é meu trabalho..."
Uma boa volta é a do estilista Lorenzo Merlino que, depois de três temporadas em esquema off calendário, participa novamente da Casa de Criadores. Outro que volta é Giuliano Menegazzo, ex-Slam, que agora desfila a marca com seu nome, a Giuliano, especializada em moda masculina.
As mudanças passam por estilistas como André Lima e Mário Queiroz e ainda a marca Cavalera, que migraram para a SP Fashion Week e fazem sua estréia no evento nesta temporada de verão 2002. Caio Gobbi, Fábia Bercsek, Emilene Galende e Erika Ikesilli também saíram e as marcas V.Rom e A Mulher do Padre optaram por não lançar coleção com desfile nesta temporada.
A segunda vai apresentar uma instalação, com cabines fechadas com camas para o povo ver um filme feito por eles. "Não vamos desfilar nesta estação para dar maior atenção à estrutura interna de nossa produção; transportamos a fabricação de nossa peças para Blumenau e vamos profissionalizar mais a marca com o lançamento da linha de jeanswear AMP Gin Fizz", explica o estilista Vinicios Campion, dando prova de maturidade da moda alternativa brasileira.
Tantas saídas abriram espaço para novos nomes, provocando uma grande renovação. O evento abre hoje com os desfiles dos novíssimos do projeto Lab, uma espécie de laboratório onde nomes promissores mostram poucos looks. Loucos por novidades, jornalistas, editores de moda, produtores e fashionistas adoram.



Texto Anterior: Erika Palomino - Prepare o modelón; agora é só fashion
Próximo Texto: Tudo sobre Pedro e Pina
Índice