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análise
Banda Calypso quebra a lógica das gravadoras
DA REPORTAGEM LOCAL
"A pesquisa revela algo que
já percebíamos, mas não tínhamos dados para provar:
há uma nova realidade na indústria cultural brasileira",
afirma o antropólogo Hermano Vianna, consultor da
agência de publicidade responsável pela pesquisa que
revelou quem são os artistas
mais populares do país hoje.
No ano passado, rodando o
Brasil com o programa da
Globo "Central da Periferia",
Vianna se deu conta de que
as músicas e os artistas mais
populares não eram aqueles
lançados pela grande indústria e divulgados pelas mídias tradicionais.
"O fato de uma banda como a Calypso, que não tem
gravadora e só entrou para a
TV quando já era sucesso, estar no primeiro lugar de preferência comprova o que vi",
afirma Vianna.
O crítico musical Pedro
Alexandre Sanches, da revista "Carta Capital" e autor do
livro "Como Dois e Dois São
Cinco", concorda.
"Até recentemente, quem
as gravadoras e as TVs empurravam para cima do consumidor era o mais popular.
A Calypso interrompe essa
lógica. É um dado novo, que a
gente não compreende completamente", diz Sanches.
Luís Antônio Giron, editor
da revista "Época", acredita
que o resultado aponta para
uma nova configuração do
gosto brasileiro. "Fica claro
que há artistas, considerados
pelas classes média e alta como bregas, afirmando-se sobre ídolos mais "cult"."
Para Giron, o resultado revela ainda que a indústria da
música não vive uma crise.
"A música está em alta. Se
uma banda sem ligação com
gravadora faz sucesso, é preciso repensar a indústria."
"Na década de 1980, a indústria fonográfica funcionava como uma espécie de linha evolutiva de determinados estilos, que iam se sucedendo e se transformando
nas grandes modas, mas isso
parou nos anos 1990", lembra Vianna. "Hoje em dia,
acho difícil que a Calypso seja capturada por esse mecanismo tradicional."
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