São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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análise

Banda Calypso quebra a lógica das gravadoras

DA REPORTAGEM LOCAL

"A pesquisa revela algo que já percebíamos, mas não tínhamos dados para provar: há uma nova realidade na indústria cultural brasileira", afirma o antropólogo Hermano Vianna, consultor da agência de publicidade responsável pela pesquisa que revelou quem são os artistas mais populares do país hoje.
No ano passado, rodando o Brasil com o programa da Globo "Central da Periferia", Vianna se deu conta de que as músicas e os artistas mais populares não eram aqueles lançados pela grande indústria e divulgados pelas mídias tradicionais.
"O fato de uma banda como a Calypso, que não tem gravadora e só entrou para a TV quando já era sucesso, estar no primeiro lugar de preferência comprova o que vi", afirma Vianna.
O crítico musical Pedro Alexandre Sanches, da revista "Carta Capital" e autor do livro "Como Dois e Dois São Cinco", concorda.
"Até recentemente, quem as gravadoras e as TVs empurravam para cima do consumidor era o mais popular. A Calypso interrompe essa lógica. É um dado novo, que a gente não compreende completamente", diz Sanches.
Luís Antônio Giron, editor da revista "Época", acredita que o resultado aponta para uma nova configuração do gosto brasileiro. "Fica claro que há artistas, considerados pelas classes média e alta como bregas, afirmando-se sobre ídolos mais "cult"."
Para Giron, o resultado revela ainda que a indústria da música não vive uma crise. "A música está em alta. Se uma banda sem ligação com gravadora faz sucesso, é preciso repensar a indústria."
"Na década de 1980, a indústria fonográfica funcionava como uma espécie de linha evolutiva de determinados estilos, que iam se sucedendo e se transformando nas grandes modas, mas isso parou nos anos 1990", lembra Vianna. "Hoje em dia, acho difícil que a Calypso seja capturada por esse mecanismo tradicional."


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