São Paulo, sexta, 22 de agosto de 1997.



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CRÍTICA
Tranquilidade pop domina álbum

da Reportagem Local

Mais conhecido como o autor de belas baladas cantadas por Marina Lima, Alvin L. tem, desde os Sex Beatles, desenvolvido trabalho próprio sempre pouco percebido por público e crítica.
Sua ex-banda, no entanto -e muito pela intervenção poderosa da cantora Cris Braun-, foi das experiências mais relevantes do pop brasileiro nos 90 -só não chegou ao saber do mercado.
É da banda um dos mais irresistíveis temas pop dos 90, "Viva Miami" (95), homenagem espirituosa a divas pop como Rita Lee, Baby do Brasil e Deborah Harry.
Alvin inaugura carreira solitária com um trabalho que passa longe do rock'n'roll acelerado dos Sex Beatles. "Alvin" é CD tranquilo, despretensioso. As canções, discretas, são dominadas por roupagem que privilegia guitarras sossegadas e instrumentos acústicos.
A simplicidade o aproxima, às vezes, do folk ("Iko Iko", tema folclórico de New Orleans reprocessado) e do blues ("Harley Davidson Blues" ou "HTTP", essa de levada nitidamente chupada de "Fame", de Bowie e Lennon).
Soa algo deslocado no panorama noventista brasileiro, destoante que é do pop planetário de Fernanda Abreu ou as bandas do mangue.
Por esse primeiro CD solo, Alvin se coloca em algum ponto paralelo ao que se colocou Zélia Duncan, de cantor quase norte-americano por seu apreço a folk, blues e rock.
Mesmo a voz, que ele escondia, não causa pesar, semelhante que é à de Lobão, artista que parece inspirar centralmente seu trabalho.
Em seu caso, há um aditivo: Alvin expressa veia poética que, se não é revolucionária ou genial, ao menos viaja a léguas da pobreza poética que o pop nacional tem vivido. Se a carreira a longo prazo prosperar, já há que se dizer que não se perde por esperar. (PAS)
Disco: Alvin Lançamento: BMG Quanto: R$ 18, em média


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