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CRÍTICA
Tranquilidade pop domina álbum
da Reportagem Local
Mais conhecido como o autor de
belas baladas cantadas por Marina
Lima, Alvin L. tem, desde os Sex
Beatles, desenvolvido trabalho
próprio sempre pouco percebido
por público e crítica.
Sua ex-banda, no entanto -e
muito pela intervenção poderosa
da cantora Cris Braun-, foi das
experiências mais relevantes do
pop brasileiro nos 90 -só não
chegou ao saber do mercado.
É da banda um dos mais irresistíveis temas pop dos 90, "Viva Miami" (95), homenagem espirituosa
a divas pop como Rita Lee, Baby
do Brasil e Deborah Harry.
Alvin inaugura carreira solitária
com um trabalho que passa longe
do rock'n'roll acelerado dos Sex
Beatles. "Alvin" é CD tranquilo,
despretensioso. As canções, discretas, são dominadas por roupagem que privilegia guitarras sossegadas e instrumentos acústicos.
A simplicidade o aproxima, às
vezes, do folk ("Iko Iko", tema
folclórico de New Orleans reprocessado) e do blues ("Harley Davidson Blues" ou "HTTP", essa
de levada nitidamente chupada de
"Fame", de Bowie e Lennon).
Soa algo deslocado no panorama
noventista brasileiro, destoante
que é do pop planetário de Fernanda Abreu ou as bandas do mangue.
Por esse primeiro CD solo, Alvin
se coloca em algum ponto paralelo
ao que se colocou Zélia Duncan,
de cantor quase norte-americano
por seu apreço a folk, blues e rock.
Mesmo a voz, que ele escondia,
não causa pesar, semelhante que é
à de Lobão, artista que parece inspirar centralmente seu trabalho.
Em seu caso, há um aditivo: Alvin expressa veia poética que, se
não é revolucionária ou genial, ao
menos viaja a léguas da pobreza
poética que o pop nacional tem vivido. Se a carreira a longo prazo
prosperar, já há que se dizer que
não se perde por esperar.
(PAS)
Disco: Alvin
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 18, em média
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