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Ultramagnetic disse "Smack my bitch up' primeiro
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Muito antes de "Smack My
Bitch Up" causar furor em ouvidos mais pudicos, quando do lançamento do álbum "The Fat of the
Land", do Prodigy, em 97, pelo
menos seu refrão-título já tinha
passado incólume, quando executado pelos rappers nova-iorquinos
do Ultramagnetic MC's em 88.
Exceto para os ingleses de Essex,
cuja banda de hip hop favorita é
justamente o underground Ultramagnetic, com um rap old skool e
pesado. O trecho está na música
"Give the Drummer Some", do
visionário e influente álbum de estréia do grupo, "Critical Beatdown" (New Plateau), distribuído
no Brasil pela gravadora Velas.
Diz o louco -de fato- MC
Kool Keith em meio a um sample
de James Brown: "Get swift/ Then
drift off and do my own thing/
Switch up/ Change my pitch up/
Smack my bitch up/ Like a pimp/
For any rapper", discretamente
no começo de "Give the Drummer Some", da qual o Prodigy extraiu "Change my pitch up/
Smack my bitch up".
"Fique esperto/ viaje e faça o
que quero/ Chicoteie/ Mude meu
lançamento/ Espanque minha vagabunda/ Como um cafetão/ Para
qualquer rapper" é uma tradução
(bem) livre desse trecho.
O hoje cultuado Ultramagnetic
foi pioneiro em utilizar samplers
em suas músicas, usar vários instrumentos ao vivo e a ter um vocalista, "Kool" Keith Thorton
-também conhecido como
Rhythm X e mais conhecido como
o erótico Dr. Octagon-, ex-paciente de uma instituição psiquiátrica, o Bellevue, em Nova York.
A participação de Kool Keith
com o Prodigy não se limita a
"Smack My Bitch Up". Ele está
nos créditos dessa música e nos de
"Diesel Power", outra música de
"The Fat of the Land", co-escrita
e cantada por Keith.
Formado em 83, o Ultramagnetic desintegrou-se em 93, deixando outros quatro álbuns.
O ex-líder da banda, Ced Gee,
disse em entrevista à revista virtual "Addicted to Noise" que não
pensou em nada específico quando compuseram "Give the Drummer Some". "Apenas dizíamos as
coisas como vinham à mente."
Nove anos depois, sampleada
pelo Prodigy, "Smack My Bitch
Up" suscitou polêmicas das mais
diversas, desde protestos de organizações feministas às censuras de
disco e clipe, passando pela reformulação da capa do single -originalmente uma foto de um Fusca
batido-, lançado pouco depois
da morte da princesa Diana.
Em declaração à mesma revista,
o líder do Prodigy, Liam Howlett,
disse que a diferença entre a repercussão nula de "Give the Drummer Some" e o close exagerado da
mídia em "Smack My Bitch Up"
é o fato de que "rappers podem
falar qualquer coisa, até sobre espancar uma mulher, e simplesmente serem cômicos".
Também porque o Ultramagnetic era absolutamente obscuro para o mainstream. O mesmo mainstream que o cultua hoje após um
sampler num disco com mais de 10
milhões de cópias vendidas.
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