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Diretor aposta que Lula "conta tudo" no final de sua gestão
DA REPORTAGEM LOCAL
O cineasta João Moreira Salles gostaria de fazer uma seqüência do documentário "Entreatos" (2004), em que filmou
a vitoriosa campanha presidencial de Lula da Silva em 2002.
Mas o projeto não tem relação com a atual campanha do
candidato petista. "Se tivesse
oportunidade, não filmaria esta
campanha. Esta talvez seja a
mais desinteressante eleição
que já vivi", afirma o diretor.
O que "seria fascinante", na
avaliação do documentarista, é
o registro dos 30 últimos dias
de Lula da Silva no poder. "Essa
seria a coda de "Entreatos". Teríamos a euforia [da primeira
eleição] e o final. Isso me interessa", afirma.
Salles imagina que, num filme sobre o fim de seu governo,
Lula "contaria tudo, falaria do
mensalão, de Roberto Jefferson, de quem o traiu, de quem
não o traiu", porque "Lula não
consegue não dizer. Ele tem
muita dificuldade para falar em
"off'", observa o diretor.
Além disso, Salles acha que,
em 2010, Lula da Silva já não teria mais um horizonte de atuação política que o impedisse de
fazer revelações. "Ele provavelmente não vai fazer seu sucessor. Não há nenhuma figura do
PT com dimensão nacional. O
partido está esfacelado", disse.
O diretor observou que "é
possível que Lula chegue ao fim
do segundo mandato. É provável. Mas é possível que também
não chegue", dadas as denúncias envolvendo sua campanha.
Mesmo havendo "um processo de impedimento" do presidente, Salles disse que tentaria filmar o término do governo
Lula da Silva. "Mas acho mais
interessante filmar os últimos
dias do poder exercido até o final", afirmou o diretor.
Depois das filmagens de "Entreatos", Salles e Lula não mais
se falaram. Com a permanência
do presidente na liderança das
intenções de voto, mesmo depois da série de escândalos em
sua campanha, o documentarista estima que "ele não deve
estar deprimido como a gente
supõe". "Alguma coisa certa deve achar que fez."
(RC e SA)
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