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"LOUCOS DO ALABAMA"
Antonio Banderas estréia com comédia engajada
AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
Falando à Folha em setembro
como estreante na direção de cinema, em "Loucos do Alabama",
Antonio Banderas não se furtou a
bater continência para Pedro Almodóvar, seu descobridor.
"Vendo o filme pronto, notei ao
menos uma cena muito almodovariana. É aquela em que as mulheres conversam calmamente no
bar perto de uma foto policial
procurando uma delas", disse.
No mais, não há muito do mestre espanhol na estréia do Banderas diretor. O humor de Almodovar é paródico. O de Banderas, ao
menos em seu primeiro filme, extraído de um romance de Mark
Childress, é mais próximo do surreal.
"Loucos do Alabama" é uma
comédia policial socialmente engajada. O cenário é o sul e, parcialmente, o leste dos EUA de meados dos anos 60. O tempo está
quente. Mulheres e negros exigem
igualdade de direitos. Protestos
espocam. Reacionários baixam o
sarrafo. 1968 se avizinhava -e o
sonho ainda não acabara.
Melanie Griffith, a verdadeira
mãe desta adaptação, abre o filme
anunciando ter matado e decapitado o marido brucutu. A cabeça
vira troféu numa caixa de chapéu.
Mãe de seis filhos, sonhadora
com o sucesso em Hollywood, sua
Lucille confia a prole à mãe e sai
em busca do estrelato -e em fuga da polícia. Lucille emplaca uma
participação num episódio do seriado "A Feiticeira" antes de ser
apanhada e levada a julgamento
em sua Alabama natal.
Uma das principais testemunhas é seu sobrinho Peejoe (Lucas
Black). É também ele a única testemunha do assassinato de um
menino negro pelo xerife local.
Duas sortes dependem da coragem dele -calar ou falar.
Banderas controla tudo num divertido tom farsesco. "Loucos do
Alabama" parece extraído de um
dos episódios do subestimado
"Histórias Reais", de David
Byrne.
Seu triunfo maior são os atores,
todos estupendos, em especial
Melanie Griffith e o veterano Rod
Steiger, como um juiz pouco ortodoxo. Antonio Banderas sabe o
que faz.
Avaliação:
Filme: Loucos do Alabama (Crazy in
Alabama)
Direção: Antonio Banderas
Produção: EUA, 1998, 109 min
Quando: hoje, às 22h, no Espaço
Unibanco
Outras exibições na mostra: 25 e 27
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