São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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"LOUCOS DO ALABAMA"
Antonio Banderas estréia com comédia engajada

AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas


Falando à Folha em setembro como estreante na direção de cinema, em "Loucos do Alabama", Antonio Banderas não se furtou a bater continência para Pedro Almodóvar, seu descobridor.
"Vendo o filme pronto, notei ao menos uma cena muito almodovariana. É aquela em que as mulheres conversam calmamente no bar perto de uma foto policial procurando uma delas", disse.
No mais, não há muito do mestre espanhol na estréia do Banderas diretor. O humor de Almodovar é paródico. O de Banderas, ao menos em seu primeiro filme, extraído de um romance de Mark Childress, é mais próximo do surreal.
"Loucos do Alabama" é uma comédia policial socialmente engajada. O cenário é o sul e, parcialmente, o leste dos EUA de meados dos anos 60. O tempo está quente. Mulheres e negros exigem igualdade de direitos. Protestos espocam. Reacionários baixam o sarrafo. 1968 se avizinhava -e o sonho ainda não acabara.
Melanie Griffith, a verdadeira mãe desta adaptação, abre o filme anunciando ter matado e decapitado o marido brucutu. A cabeça vira troféu numa caixa de chapéu.
Mãe de seis filhos, sonhadora com o sucesso em Hollywood, sua Lucille confia a prole à mãe e sai em busca do estrelato -e em fuga da polícia. Lucille emplaca uma participação num episódio do seriado "A Feiticeira" antes de ser apanhada e levada a julgamento em sua Alabama natal.
Uma das principais testemunhas é seu sobrinho Peejoe (Lucas Black). É também ele a única testemunha do assassinato de um menino negro pelo xerife local. Duas sortes dependem da coragem dele -calar ou falar.
Banderas controla tudo num divertido tom farsesco. "Loucos do Alabama" parece extraído de um dos episódios do subestimado "Histórias Reais", de David Byrne.
Seu triunfo maior são os atores, todos estupendos, em especial Melanie Griffith e o veterano Rod Steiger, como um juiz pouco ortodoxo. Antonio Banderas sabe o que faz.


Avaliação:    

Filme: Loucos do Alabama (Crazy in Alabama) Direção: Antonio Banderas Produção: EUA, 1998, 109 min Quando: hoje, às 22h, no Espaço Unibanco Outras exibições na mostra: 25 e 27

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