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Família de proprietários recusa tentativas de mudar perfil
da Sucursal do Rio
Nos idos de 1921, o Íris era o
"ponto de encontro da elite da
nossa sociedade", de acordo
com o Annuario Theatral Argentino-Brasileiro publicado naquele ano.
"Mudou muito, minha filha,
mas tivemos de acompanhar os
novos tempos", diz Nylza Cruz
de Rezende, 71, neta do fundador
do cinema.
Nylza costumava frequentar o
cinema com o avô João Cruz Júnior.
Gostava muito de ver os filmes
dos Irmãos Marx e da dupla O
Gordo e O Magro. "Eu ia muito
quando tinha outro tipo de filme", relembra.
A mudança do cinema, no entanto, não espantou Nylza.
"Continuo indo lá toda semana
para ver se está tudo bem. Só não
vejo os filmes, que não tenho
mais idade para isso", explica.
Nylza diz que vai toda sexta-feira ao cinema e fica lá das 9h às
15h -sai pouco antes do início
do primeiro show diário de
striptease, a única coisa com hora certa para começar no cinema.
"As sessões não têm hora certa.
O pessoal que vem aqui não fica
muito tempo, fica 10, 20 minutos
e vai embora. Mas na hora do
striptease, se estiver passando
um filme a gente interrompe.
Depois continua", conta Roberto Cruz, bisneto do fundador do
cine Íris e diretor do cinema.
A transformação do Íris em
ponto de encontro dos "modernos" cariocas aconteceu a partir
do início do ano. A produtora
cultural Carla Tavares achou que
o local seria ideal para festas que
pudessem reunir até mil pessoas
em vários ambientes.
O prédio do Íris tem quatro andares, dos quais três ficam fechados durante a semana -uma espécie de medida "moralizadora"
tomada pelos donos do cinema
para tentar reduzir a frequência
de travestis e garotas de programa em busca de clientes.
Originalmente, sua capacidade
era para 1.600 pessoas -hoje,
para 370 nas sessões de cinema.
Nas festas, os outros andares são
abertos. Em cada um deles há
uma ambientação e um tipo de
música.
"O que nós queríamos era ter
uma programação cultural mais
constante aqui, exibir outro tipo
de filmes durante a semana, promover happy hours, enfim, mudar todo o perfil do Íris, mas a família não quer mudar o esquema
de funcionamento", diz Carla
Tavares.
"Acho muito legal essa novidade aqui, mas já tentaram muitas
coisas que não deram certo. Não
vou abandonar meu público",
afirma Cruz.
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