|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVROS/LANÇAMENTOS
"Poetinha" ganha oportunidade de vencer seu apelido em seleção feita por Eucanaã Ferraz e Antonio Cicero
"Nova Antologia" redimensiona Vinicius
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
"Poetinha" foi um dos apelidos
mais notórios de Vinicius de Moraes (1913-1980). Um tratamento
carinhoso que, de certa forma,
vestia bem a imagem de bon vivant que o escritor deixou, mas
que, ao mesmo tempo, não faz jus
à sua estatura na poesia brasileira.
A opinião é do poeta Eucanaã
Ferraz, 42, que organizou, ao lado
do também poeta Antonio Cicero, 58, a "Nova Antologia Poética", um dos principais lançamentos que celebram os 90 anos de
nascimento do poeta carioca.
"A não-popularidade de um
poeta está mais de acordo com o
que os círculos intelectuais esperam de um poeta culto. Vinicius
demoliu tudo isso. Ele foi um poeta moderno: despido de toda "aura'", afirma Ferraz.
O estigma da popularidade vai
mais além. "Hoje não é sequer fácil encontrar estudos de fôlego sobre a obra viniciana", diz Ferraz.
Empenhados nesse reparo, Ferraz e Cicero se debruçaram nesta
"Nova Antologia". Nova porque,
em vida, o poeta organizara sua
primeira "Antologia Poética", de
54, atualizada por ele em 67.
Ali, Vinicius separava sua obra
em duas fases: a primeira mais
cristã, a segunda mais aproximada do mundo material, sem os
idealismos iniciais dos quais queria se afastar, o que o fez renegar
seus dois primeiros livros.
Essa última intenção de Vinicius guiou o trabalho de Ferraz e
Cicero, ao abandonarem a divisão
bifásica. "Nosso distanciamento
nos permitiu abrir mão do registro. O resultado é uma seleção que
mostra uma poesia mais livre,
mais moderna, mais densa e mais
leve", afirma Ferraz.
Além de acrescentar poemas
que ficaram de fora da edição de
67, "Nova Antologia Poética" corrige erros em datas, textos e versos, mas não se pretende definitiva, conforme declara Ferraz.
"É apenas a visão de duas pessoas. Os outros poemas continuam e merecem ser reestudados
pela crítica", diz. "Hoje, estamos
mais preparados para ler Vinicius
e aprender com ele", conclui.
Piano e voz
E há Vinicius para todos. Nesta
terça, a soprano Céline Imbert,
uma das vozes mais celebradas da
cena lírica nacional, interpreta 18
canções do poeta ao lado do pianista Marcelo Guelfi, em SP.
NOVA ANTOLOGIA POÉTICA. De:
Vinicius de Moraes. Organização:
Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz.
Lançamento: Companhia das Letras.
Quanto: R$ 32,50 (280 págs.).
CÉLINE IMBERT E MARCELO
GUELFI.Recital de voz e piano com obras
de Vinicius de Moraes. Onde: Sesc
Pompéia (r. Clélia, 93, São Paulo, tel. 0/
xx/11/3871-7700). Quando: 25/11, às
21h. Quanto: de R$ 6 a R$ 12.
Texto Anterior: Rodapé: A prosa jazzística de um gigolô de imagens Próximo Texto: "O Amante Brasileiro": Troca de e-mails entre namorados torna atual o romance epistolar Índice
|