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"MAD MARIA"
Minissérie da Globo foi escrita entre 1980 e 1981, mas não havia tecnologia na época para gravá-la na selva
Produção levou 20 anos para sair do papel
DA REDAÇÃO
A minissérie "Mad Maria" foi
escrita por Benedito Ruy Barbosa
entre 1980 e 1981. "Ela quase foi
produzida para comemorar os 20
anos da Globo [em 1985], mas não
havia tecnologia para fazê-la na
época", lembra Octavio Florisbal,
diretor-geral da emissora, que
completa 40 anos em abril.
"Desde que entrei na Globo, há
21 anos, ouço falar de "Mad Maria". Realizá-la é um sonho de vários diretores", diz o diretor-geral
da minissérie, Ricardo Waddington, que a redescobriu em 2003.
"Hoje temos tecnologia e experiência de produção para fazê-la.
Naquela época, o desconforto de
gravá-la na selva seria muito
grande", afirma Waddington.
O diretor estudou várias alternativas, entre elas a de construir
uma miniferrovia no Rio. Após
sobrevoar várias vezes o que restou da Madeira-Mamoré, optou
por gravá-la onde a história realmente aconteceu. Sua principal
locação é em Abunã, cenário do
livro "Mad Maria".
No início de outubro, Waddington embarcou para Rondônia
com outros 130 profissionais da
Globo. Sob um calor de 35 C, ar
muito úmido ("Era só dar dois
passos para começar a suar") e
horários restritos à faixa das 9h às
17h, para fugir dos ataques do
mosquito da malária, gravou em
Rondônia durante dois meses.
Segundo Waddington, 30% das
cenas de "Mad Maria" foram captadas em Rondônia, onde foram
arregimentados 150 figurantes. O
resto será no Rio, onde se desenvolve outra trama, a dos bastidores políticos da construção da
Madeira-Mamoré.
"Em Rondônia, montamos tendas com ventiladores. Tínhamos
banheiros químicos e muitos picolés. Há 20 anos, isso seria impossível", afirma.
Também contribuiu para a viabilização da megaprodução (orçada em cerca de R$ 12 milhões) o
apoio do governo de Rondônia,
que investiu pelos menos R$ 500
mil na recuperação de oito quilômetros de ferrovia, no restauro de
uma locomotiva e na cessão de
operários, médicos e policiais.
Ao todo, a minissérie mobilizou
cerca de 400 profissionais em
Rondônia. Elenco e técnicos geraram só nos 30 dias que ficaram
em Guajará-Mirim, uma das bases de gravações, impacto de R$ 1
milhão na economia da cidade.
A produção da Globo percorreu
todo o percurso original da ferrovia, de quase 380 km. A locomotiva que representa Mad Maria, nome da máquina que há um século
abria a estrada de ferro, era transportada em carreta.
Outro aspecto que tornou a minissérie viável foi o uso de efeitos
especiais. Graças à tecnologia, a
Globo economizará em cenários.
Para tanto, usará cerca de 20 imagens do fotógrafo norte-americano Dana Merrill, que registrou a
construção da Madeira-Mamoré.
"Vamos trabalhar com computação gráfica. Pegamos uma seqüência de quatro ou cinco fotos.
Na última, nós fazemos uma animação em que ela se transforma
em uma cena", diz Waddington.
"Mad Maria" também abusará
de um recurso, experimentado
em "Um Só Coração" (2004), que
dará "vida" a fotos antigas do Rio
de Janeiro. Paisagens do início do
século 20 ganharão veículos e pessoas em movimento.
Como a minissérie é muito violenta, por causa das brigas entre
os diferentes povos que vieram
construir a ferrovia, efeitos especiais em 3D tornarão possível cortar a cabeça de um operário e as
duas mãos de um índio. Acredita-se que 6.000 pessoas morreram na
obra, a maioria por doenças.
A Madeira-Mamoré foi concluída pelo empreendedor americano
Percival Farquhar (Tony Ramos).
O governo brasileiro investiu na
ferrovia para compensar a Bolívia
pelo território do Acre. A ferrovia
iria superar 19 cachoeiras dos rios
Madeira-Mamoré que dificultavam o transporte de borracha da
Bolívia para o Atlântico, via Amazonas. Mas, ao ser concluída, a
borracha entrava em decadência.
Na minissérie, isso é contado
com um romance, com encontros
e desencontros, em primeiro plano: o de Finnegan (Assunção) e
Consuelo (Ana Paula Arósio).
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