São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2005
 |
 |
|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO Chão de estrelas
A duas semanas do Carnaval, elas estão preparando corpo e ritmo para brilhar em grande estilo no Sambódromo. São mulheres famosas que desfilam pela primeira vez e passistas da comunidade que ganham destaque inédito em suas escolas de samba. Do Rio ou de São Paulo, com ou sem samba no pé, elas são candidatas, mesmo que involuntariamente, ao título de nova musa do Carnaval 2005, disputa de holofotes que gera ciumeira e coloca em xeque beleza, carisma e desenvoltura. GALOS NA CABEÇA Intérprete da passista Nalva na novela "Senhora do Destino", a atriz Tânia Kalil, 27, conhecerá neste ano a emoção de desfilar por uma escola de samba: será destaque no desfile da Grande Rio, no qual serão gravadas cenas da trama. "Ficaria tímida em desfilar, mas o fato de eu estar lá como Nalva me deixa tranqüila", diz. "Outras escolas me convidaram, mas não topei sair de Tânia." 
Os ensaios para o grande dia têm exigido da atriz. Bailarina desde a infância, ela só sambava "da cintura pra cima". "Fiz aulas para fazer a personagem. Não é uma coisa em que eu me sinta mega à vontade. Samba, para mim, é trabalho mesmo." Os ensaios têm lhe deixado marcas. "A fantasia é pesada! Espremeu a minha cabeça, e eu fiquei com dois galos."
Dona de um corpo definido, ela usará uma fantasia discreta, à prova daquelas imperfeições femininas com as quais o requebrado do samba não é generoso. "As mulheres nunca deveriam ter ensinado aos homens o que é celulite. Agora já foi." IEMANJÁ "O amor pelo samba corre nas minhas veias", define a carioca Carol Castro, que, em 20 anos de idade, esteve uma única vez na Sapucaí. "Mas só para assistir ao desfile", diz ela, que vive Angélica em "Senhora do Destino". Estreante na passarela, começa grande: é a rainha da bateria do Salgueiro, posto tradicionalmente reservado a garotas da comunidade. "A celebridade é importante porque traz mídia para a gente", avalia o promoter da escola, Glaycon Muniz. Carol guarda em seu quarto, ao lado de uma imagem de Iemanjá, a coroa que usará no desfile. Ela bate cartão nos ensaios na quadra da escola, que têm reunido mais de 10 mil pessoas. O calor é infernal, mas ela não liga. "Carnaval é isso mesmo, quente. É a festa da carne!", diz a rainha, que, posicionada em um palco junto à bateria, não pára de jogar beijinhos para os súditos. CHEGAR LÁ A passista Valéria Cetiz, do Salgueiro, desaprova a escolha de Carol Castro como rainha. "Ela não sabe dançar. Tinham que dar espaço para gente da comunidade." O grande sonho de Valéria é assim: "Eu na avenida, com a faixa de madrinha, todos aplaudindo, uma emoção inexplicável. Penso nisso desde os sete anos." À PROVA DE MACUMBA Amanda Mattos, 22, nascida no morro da Mangueira, aguarda ansiosa a hora de brilhar. Atendente de um projeto social -ganha R$ 400 por mês-, ela será a rainha da bateria verde-e-rosa no desfile deste ano, orçado em R$ 5 milhões. Eleita pelo voto da comunidade, ela diz não ligar para a inveja das candidatas preteridas. "Essas meninas são malucas. Teve uma que disse que não ganhou porque alguém colocou macumba na bolsa dela. Ah, por favor, né?"
Ela também não teme as concorrentes famosas. "Fui a um ateliê e tinha uma rainha de outra escola, atriz famosa, me olhando feio. Nem liguei. Sou rainha na Estação Primeira de Mangueira. É o cargo máximo de uma passista. Elas têm que fazer de tudo para aparecer, eu não." CHARME PARTICULAR A atriz Ludmila Dayer, 21, a Ninfa Bebê da novela "Senhora do Destino", é zero-quilômetro de passarela. Neste ano, será madrinha da bateria da Leandro de Itaquera, em SP, e, no RJ, sairá na Grande Rio. "Vou dar tudo de mim."
Mergulhada no trabalho, até esta semana ainda não tinha aparecido na Leandro. Mas, nos bastidores da novela, na qual passistas fazem figuração, Ludmila recolhe dicas. "Elas me dão detalhes técnicos, mas cada passista tem que dar seu toque particular na avenida. Não é só o samba no pé. Tem que colocar seu charme", diz ela, fã de Luma de Oliveira. "Ela tem uma raça incrível. Se nos encontrássemos, com certeza eu pediria umas dicas." @ - bergamo@folhasp.com.br COM ANDRÉA MICHAEL (INTERINA), DANIEL BERGAMASCO (REPORTAGEM), JOÃO LUIZ VIEIRA E MARIA FERNANDA ERDELYI Texto Anterior: Realidade não foi alvo de inspirador da série Próximo Texto: Lançamentos/DVD: "Um só coração": Minissérie é tsunami de lugares-comuns Índice |
|
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |
