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MODA
Estilista apresentou anteontem, durante temporada inglesa, coleção de 2001, em que mistura fetiches e temas infantis
McQueen mostra circo fashion do terror
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
O grande circo do terror chegou
à cidade. É o desfile de Alexander
McQueen, anteontem, na temporada inglesa de lançamentos para
o inverno 2001, que terminou ontem após uma semana de desfiles.
Com um imaginário tétrico, sinistro e muito fashion, o estilista prova que é o número um.
Seu tailoring é preciso, profissional, clássico no acabamento e
arrojado nas formas. Seus materiais vêm da indústria do alto luxo. As referências vêm do submundo da noite e do fetiche, misturados desta vez a temas infantis
como o carrossel do cenário, a trilha sonora de caixinha de música
e o som de crianças no recreio,
além de dezenas de bonecas, balões e palhaços.
Só que desta vez, todo os elementos apresentados com caráter
perverso e pervertido, sexualizado e agressivo. E lindo. Que belíssimo espetáculo um desfile de
Alexander McQueen.
Como uma platéia de circo, ao
centro há cavalinhos de carrossel
-que já não eram cavalinhos
convencionais, mas embalados
por fitas adesivas (tipo fita crepe)
em roxo, preto e bege. Não apenas
o carrossel rodava -como era de
se imaginar-, mas o círculo central de descolava, girando em movimentos como os de um pião, e
as modelos tinham que subir e
descer rampas e ainda lidar com o
chão rodando e rodando.
Em performances dignas de
showgirls ou dançarinas de clubes
de sexo, elas rodopiavam e faziam
ainda lascivas poses nos cavalinhos em si. "What a Merry-Go-Round" é o tema do desfile, e
muita gente só viu o desenho do
assustador palhaço triste do convite quando chegou lá.
Não fez diferença. Nem a espera
gigantesca e o tratamento pouco
vip em relação aos convidados fizeram mais: quando entrou a primeira modelo, ao som de rock pesado, numa jaqueta de vinil bege
como o do cavalinho e botas de
cano alto, já se via tudo.
O militarismo deu o tom de
muitas peças, no verde e na alfaiataria, ou mesmo no preto sadomasoquista do meio para o final,
quando "caps" de vinil ganharam
penachos do chapeleiro Philip
Treacy. Isso sem falar nas exóticas
caveiras de metal, presentes também em cintos gigantes, onde era
possível ler "McQueen", como
uma espécie de tribo de motoqueiros malucos. Nos pés, botas
de cano alto com biqueiras douradas ou mules.
Junto às formas elaboradas de
McQueen, o trabalho com volumes, uma de suas marcas registradas -desta vez em picotes e golas, misturados a vestidos de jérsei
em preto, cinza ou verde, desenhando o corpo. Ou mesmo nos
vestidos sem cintura, com silhueta anos 30, e ainda no casaco de
estilo art deco preto com meia
verde.
Muitas capas, sempre estruturadas, usadas até o pé apenas com
uma botinha, ou ainda na versão
smoking, curta e sexy, sem nada
por baixo. Como acessório, uma
estola de esqueleto dourado sobre
um vestido-tuxedo, ou as penas
de pavão em saias e tops.
Quanto mais pesado melhor, e o
segmento de malhas de lã desconstruída com desenho de caveira atrás está entre os highlights. O
momento mais absurdo, entretanto, se deu quando o palco (podemos chamar assim) se iluminou por trás, revelando um outro
cenário, onde brinquedos do terror e modelos se misturavam. Lá,
Erin O'Connor segurava dezenas
de balões, com um vestido de tule
laranja e preto e o rosto pintado
de "palhaço do mal", meio Kiss,
meio Chuck.
Outras modelos cortaram os
balões, que subiram e a deixaram
rodando sozinha, no carrossel,
enquanto uma modelo, num vestido de renda transparente, arrastava pelo pé uma caveira de metal
dourada.
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