São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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"HANNIBAL"

Sequência de "O Silêncio dos Inocentes" tem Julianne Moore no papel que foi de Jodie Foster e "come" partes do livro

Canibal "papa-ingressos" chega ao Brasil

Divulgação
Anthony Hopkins volta a viver Hannibal Lecter, em filme baseado no terceiro livro de Thomas Harris protagonizado pelo assassino


TETÉ RIBEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Se "Hannibal" já é o fenômeno do ano em Hollywood, com US$ 58 milhões de bilheteria no fim-de-semana de estréia (a terceira maior da história) e US$ 107 milhões até agora, passados 14 dias, sua atriz principal, Julianne Moore, não é dessas coisas.
Musa do cinema independente, a atriz, 40, estava mais à vontade recebendo uma homenagem pelo conjunto de sua obra no Festival de Sundance, em janeiro.
Sua participação em "Hannibal" é exceção à regra de sua carreira: filmes com menos orçamento que insights. Ou pelo menos com o mesmo tanto de um e de outro, como "Boogie Nights" (1997), de Paul Thomas Anderson, em que brilha como a veterana atriz pornô Amber Waves.
Ou, entre muitos outros, "Short Cuts", de Robert Altman (1993), em que prova, numa discussão inflamada com seu marido ciumento (Matthew Modine), que seu cabelo é ruivo de verdade.
De qualquer maneira, ela leva charme ao set de "Hannibal". Aceitar o trabalho começado por Jodie Foster em seu melhor papel foi ato de coragem e ousadia. E humildade, já que Jodie havia pedido US$ 20 milhões mais 15% da bilheteria para ser Clarice Starling de novo, enquanto Julianne fechou por US$ 3 milhões.
Última coisa: você não vai sentir a menor falta de Jodie Foster.

Pergunta - A violência de "Hannibal" não a incomoda?
Julianne Moore -
Acho que o Ridley (Scott, diretor) apresenta o filme de um jeito muito interessante. Em nenhum momento você olha para o que está acontecendo e pensa: "Isso parece um documentário". É tudo muito fantasioso, quase uma alucinação. Mas é para adultos, não há dúvida.

Pergunta - Você tentou criar sua própria Clarice Starling ou seguiu os passos dados por Jodie Foster?
Julianne -
Como a personagem já existia, eu não podia apenas apresentar minha própria versão, sem pensar no que o público já tinha visto em "O Silêncio dos Inocentes". Tentei fazer o mesmo sotaque, mas fui fiel ao script.

Pergunta - Você faria uma sequência desse filme?
Julianne -
É cedo para dizer, pois ainda não existe nem sequer um quarto livro, mas eu fui tão feliz durante as filmagens de "Hannibal" que entraria em qualquer projeto hoje em dia com Ridley Scott. Se tivesse Anthony Hopkins no elenco, então, estaria lá antes de todo mundo.

Pergunta - Como é trabalhar com ele, com quem fez "Picasso" (96)?
Julianne -
Ele é o máximo. Na primeira vez que trabalhei com Tony, fiquei na verdade chocada de saber que este homem, que já era uma verdadeira lenda da interpretação, era tão pé no chão, tão divertido e normal.

Pergunta - Em algumas cenas, parece que o seu personagem e do de Hopkins estão flertando.
Julianne -
Ela tem sentimentos confusos em relação ao dr. Hannibal Lecter, sente muita admiração intelectual por ele, que foi capaz de iludir um número imenso de pessoas por muitos anos. Mas também sabe bem que ele é um sociopata perigoso.
E ele a analisou no primeiro filme, é a única pessoa que conhece seus segredos mais profundos. Ela é solitária e está num momento muito triste da vida. É interessante viver uma personagem com essa vida, tão diferente da minha.

Pergunta - O que o seu filho acha de ter uma mãe que é uma estrela de cinema?
Julianne -
Meu filho é muito pequeno, tem só 2 anos. Por enquanto, ele acha que eu trabalho num trailer, que é o que ele vê em todas as locações.


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