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LIVRO/LANÇAMENTO
"ARTE BRASILEIRA HOJE"
Livro apresenta análises dos trabalhos de 25 artistas do país em ordem alfabética
Agnaldo Farias mapeia produção contemporânea
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Arte Brasileira Hoje",
de Agnaldo Farias, é um
livro correto. Apresenta assunto
amplo por meio de 25 estudos de
caso.
O autor lida com o tema em diversas frentes profissionais. Além
de lecionar na USP de São Carlos,
é curador da representação brasileira na 25ª Bienal de São Paulo e
do recém-inaugurado Instituto
Tomie Ohtake.
Farias desincumbe-se de resolver as querelas acerca do termo
"arte contemporânea". Desde a
introdução do livro, adota a postura consagrada de derivar a produção contemporânea de um esgotamento internacional da doutrina modernista da arte pela arte
(páginas 15 e 16).
O reflexo brasileiro do fenômeno seria a crítica ao abstracionismo na passagem dos anos 50 para
os 60. O evento é descrito como
uma progressão emancipatória:
"com as discussões em volta do
expressionismo abstrato e sobretudo com o abstracionismo geométrico (concretismo e neoconcretismo), obteve-se a emancipação de nossa inteligência plástica"
(página 17).
O recorte proposto leva a uma
interpretação clara das décadas
seguintes. A passagem dos anos
60 para os 70 privilegia a produção conceitual. Na década de 80, é
enfatizado o retorno à pintura e à
escultura no compasso de tendências transnacionais. Já os anos
90 assistem a uma investida contra o universalismo da linguagem
artística, na esteira da ruptura
com o modernismo.
Os capítulos ordenam-se alfabeticamente à maneira de verbetes. O primeiro, dedicado a Artur
Barrio, já indica a preocupação
em selecionar artistas com relevância atual. O artista manteve
uma trajetória experimental desde os anos 70, e este ano participará da Documenta de Kassel, no
próximo mês de junho.
Destacam-se os textos que
aliam a objetividade histórica à
análise técnica de obras, tais como
aqueles sobre Leda Catunda, Carmela Gross, Ivens Machado e
Lygia Pape. A descrição de processos produtivos é esclarecedora
nos ensaios sobre Vik Muniz e
Dudi Maia Rosa.
O público leigo no tema encontrará subsídios introdutórios nas
notas de rodapé. Trata-se, contudo, de informação dispersa, já que
essas referências históricas são
mobilizadas para situar obras
atuais, tal como a nota sobre Duchamp inserida no trecho sobre
Jac Leirner (nota 5).
O método analítico proporciona uma reflexão comparativa. O
leitor montará um panorama ao
percorrer os diversos ensaios,
sem que o autor determine uma
síntese final da contemporaneidade.
O livro cumpre a diretriz da coleção "Folha Explica", conduzindo uma investigação comprometida com a atuação de artistas de
impacto no Brasil e que circulam
no debate transnacional de hoje.
Arte Brasileira Hoje
Autor: Agnaldo Farias
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 9,90 (121 págs.)
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