São Paulo, sábado, 23 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TV

Programa é versão do espanhol "Operación Triunfo"

Globo prepara "reality show" com novos talentos musicais

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A guerra de "reality shows" que se espalha pelas televisões vai respingar na música popular brasileira. Enquanto o SBT sonha inventar as Spice Girls nacionais com o anunciado "Popstars", a Globo saca discurso bem diferente, de revelar novos talentos musicais sob as palavras-chave "seriedade" e "qualidade".
A rede adquiriu direitos sobre o programa "Operación Triunfo", criado pela Endemol -a mesma dos quiproquós de "Big Brother" e "Casa dos Artistas"-, e que foi sucesso na Espanha.
Seguindo, com pequenas alterações, as regras de lá, a Globo reunirá numa "academia" 11 artistas amadores, semiprofissionais, independentes ou sem gravadora.
A seleção, segundo a Globo, está sendo feita em escolas de música e nos ambientes musicais e teatrais de várias cidades. A Som Livre, gravadora da casa, aceita inscrições até a próxima quinta-feira.
Os participantes receberão, durante nove horas por dia, aulas de canto, teoria musical, coreografia e marketing. Também farão shows que serão gravados em CD.
Na parte mundo-cão do projeto, serão avaliados e submetidos à doutrina de eliminação dos "reality shows", um a um, por ação de um corpo de jurados, dos colegas postulantes e do público.
Na produção do programa estão o diretor de núcleo Luiz Gleiser, envolvido no "Big Brother Brasil", e o produtor e compositor (de "Menina Veneno") Bernardo Vilhena.
Ao explicar a intenção do projeto, Gleiser diz: "Queremos mostrar que ser artista não é só tocar violão de madrugada, mas sim estudar para caramba, muitas horas por dia".
O patrocínio bancado pela rede por anos a fio da invasão de Carlas e Scheilas da axé music suscita indagações sobre que tipo de música o "Triunfo" pretende revelar.
Decreta Gleiser: "Os candidatos devem tender a uma das quatro vertentes principais da música brasileira, que são MPB, sertanejo/romântico/brega, pop/rock e samba/pagode/axé/funk".
Por fim, repele o temor de que tudo seja armado demais, suspeita que rondou "Big Brother". "Embora se fale muito da manipulação global no mundo aí fora, não tenho essa visão. O que vendo à direção da Globo é a necessidade de inovação. Vamos procurar critérios de qualidade que dêem audiência e me permitam fazer uma segunda edição, mas com o faro no talento e evitando a pasteurização que achatou a MPB e tornou complicado o surgimento do novo nos últimos anos", fecha.


Texto Anterior: Arquitetura: Tese de Bo Bardi prega moral da profissão
Próximo Texto: Literatura: Salão de Paris abre sob tensão política
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.