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TV
Programa é versão do espanhol "Operación Triunfo"
Globo prepara "reality show" com novos talentos musicais
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A guerra de "reality shows" que
se espalha pelas televisões vai respingar na música popular brasileira. Enquanto o SBT sonha inventar as Spice Girls nacionais
com o anunciado "Popstars", a
Globo saca discurso bem diferente, de revelar novos talentos musicais sob as palavras-chave "seriedade" e "qualidade".
A rede adquiriu direitos sobre o
programa "Operación Triunfo",
criado pela Endemol -a mesma
dos quiproquós de "Big Brother"
e "Casa dos Artistas"-, e que foi
sucesso na Espanha.
Seguindo, com pequenas alterações, as regras de lá, a Globo reunirá numa "academia" 11 artistas
amadores, semiprofissionais, independentes ou sem gravadora.
A seleção, segundo a Globo, está
sendo feita em escolas de música e
nos ambientes musicais e teatrais
de várias cidades. A Som Livre,
gravadora da casa, aceita inscrições até a próxima quinta-feira.
Os participantes receberão, durante nove horas por dia, aulas de
canto, teoria musical, coreografia
e marketing. Também farão
shows que serão gravados em CD.
Na parte mundo-cão do projeto, serão avaliados e submetidos à
doutrina de eliminação dos "reality shows", um a um, por ação de
um corpo de jurados, dos colegas
postulantes e do público.
Na produção do programa estão o diretor de núcleo Luiz Gleiser, envolvido no "Big Brother
Brasil", e o produtor e compositor
(de "Menina Veneno") Bernardo
Vilhena.
Ao explicar a intenção do projeto, Gleiser diz: "Queremos mostrar que ser artista não é só tocar
violão de madrugada, mas sim estudar para caramba, muitas horas
por dia".
O patrocínio bancado pela rede
por anos a fio da invasão de Carlas e Scheilas da axé music suscita
indagações sobre que tipo de música o "Triunfo" pretende revelar.
Decreta Gleiser: "Os candidatos
devem tender a uma das quatro
vertentes principais da música
brasileira, que são MPB, sertanejo/romântico/brega, pop/rock e
samba/pagode/axé/funk".
Por fim, repele o temor de que
tudo seja armado demais, suspeita que rondou "Big Brother".
"Embora se fale muito da manipulação global no mundo aí fora,
não tenho essa visão. O que vendo
à direção da Globo é a necessidade de inovação. Vamos procurar
critérios de qualidade que dêem
audiência e me permitam fazer
uma segunda edição, mas com o
faro no talento e evitando a pasteurização que achatou a MPB e
tornou complicado o surgimento
do novo nos últimos anos", fecha.
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