São Paulo, segunda, 23 de março de 1998

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Artista rompeu com irmão

da Reportagem Local

De Chirico (1888-1978) acreditava ser um Messias das artes, o único capaz de promover a redenção das vanguardas por meio uma pintura original e enigmática, que não precisaria reproduzir o real. Dizia ser o único pintor contemporâneo verdadeiramente capaz de pintar. E que suas mãos brilhavam no escuro.
Criou paisagens desoladas, em que conviviam estátuas gregas, praças vazias, arquiteturas, cavalos, manequins sem rosto, objetos e atmosferas.
As perspectivas, geometrias e cálculos matemáticos de suas composições não serviriam como respostas empíricas ou para criar situações realistas, mas para reiterar mistérios e enigmas, como é possível notar nos títulos de algumas de suas telas mais importantes: "Enigma de uma Tarde de Outono" e "Alegrias e Enigmas de uma Hora Estranha".
Maior expoente da pintura metafísica, escola criada por ele e Carlo Carrà (1881-1966), De Chirico influenciou os surrealistas e dadaístas, como René Magritte, Salvador Dalí e Max Ernst.
A relação com seus contemporâneos, porém, não foi das mais harmoniosas. Afastou-se dos surrealistas, que o negaram quando ele passou a produzir uma arte mais realista e clássica, a partir dos anos 20.
Em 1925, rompeu também com o irmão Savinio Os dois não se falariam nunca mais e isso deprimiu ambos profundamente.
Também não concordou com a crítica, que considerava sua primeira fase pictórica, entre 1910 e 1917, como a mais importante de sua carreira.
De Chirico negou obras do início de carreira, convencido de que, quanto mais velho, melhor pintava, até chegar ao ponto de assinar -no final de carreira- "pictor optimus".
De Chirico nasceu em Volo, na Grécia, onde viveu até 17 anos e iniciou seus estudos de artes plásticas, convivendo com a antiguidade clássica e a mitologia. Sua outra grande influência veio a partir de 1906, quando se transferiu para Munique, na Alemanha, onde tomou contato com a literatura de Schopenhauer e Nietzsche. (CF)


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