THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

"I write the songs that make the whole world sing!" ("Eu escrevo as canções que fazem o mundo inteiro cantar!")
O verso que abre "I Write the Songs", clássico do pop criado por Barry Manilow em 1975, já foi usado como referência a Noel Gallagher várias vezes. Uma referência mais do que justa.
O visual de herói da classe trabalhadora é impecável. O roqueiro que ganhou US$ 11 milhões no ano passado usa as mesmas roupas vestidas pelos técnicos e carregadores que trabalham com a banda.
Nos dois shows no Brasil, o estilo calça jeans/camisa social estampada se manteve. No sambódromo paulista, ele combateu o vento com uma jaqueta despojada.
Se o guarda-roupa não preocupa, a pose no palco é fundamental. Keith Richards, Jimmy Page, Mick Ronson, Marc Bolan e Johnny Marr fazem parte da constelação de "guitar heroes" da qual Noel imita os trejeitos.
O líder do Oasis é o exemplo mais recente de uma linhagem definida certa vez por Pete Townshend (The Who), que disse: "O melhor rock é feito por gente desajustada que precisou da companhia de uma guitarra para superar o pesadelo da adolescência".
E Noel parece reforçar a idéia no palco. Durante os shows no Brasil (e o mesmo se repete em qualquer lugar do mundo), ele desprezou o palco oferecido para a banda.
Exceto pelo set acústico, quando senta num banquinho, toca violão e canta, ele fica o tempo todo numa estreita faixa do palco, talvez uns cinco metros de largura.
Desse quadrilátero delimitado pelos amplificadores (atrás), seu microfone (à frente), o final do palco (à esquerda dele) e a presença de seu irmão Liam (à direita), Noel comanda o espetáculo. Todo o grupo aguarda suas ordens.
Está ali representado o sonho roqueiro, como se ainda fosse um garoto trancado no quarto ouvindo discos no último volume e fazendo poses diante do espelho com uma guitarra imaginária.
Aquela fatia de palco é o pequeno mundo do garoto Noel, de onde saem as canções que o mundo inteiro gosta de cantar.



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