São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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OSCAR
Vice-presidente da Miramax afirma que campanha de "Soldado Ryan" foi mais cara que a de "Shakespeare"
DreamWorks gastou mais, diz Weinstein

MARCELO DIEGO
de Nova York

O vice-presidente da Miramax, Harvey Weinstein, disse ontem ter informações de que seu estúdio gastou menos na campanha para "Shakespeare Apaixonado" do que a DreamWorks gastou em "O Resgate do Soldado Ryan". O mercado publicitário diz que a Miramax despendeu US$ 15 milhões para divulgar o vencedor do Oscar.
"Ryan" teria gasto cerca de US$ 5 milhões. "Central do Brasil", da Sony Classics, US$ 250 mil.
Mas não é o que diz Weinstein. "A coisa mais incrível é que "Ryan" gastou mais dinheiro do que nós. Warren Beatty disse que conversou com Jeffrey Katzenberg (executivo da DreamWorks) e ambos confirmaram a informação para mim", afirmou, em coletiva.
Weinstein disse que chegou a se perguntar se "havia ultrapassado algum limite" com a campanha publicitária dos estúdios. Mas, afirmou ele, "é algo que todo mundo faz. As pessoas não deveriam ficar surpresas ao querermos promover nosso filme".
O escritório da Miramax em Nova York não quis confirmar os valores gastos pelo estúdio em publicidade de "Shakespeare" e "A Vida É Bela", mas divulgou comunicado reafirmando que nunca exerceu pressão indevida aos membros da Academia.
A Miramax Pictures foi criada em 1979, pelos irmãos Robert (Bob), 44, e Harvey Weinstein, 46. O projeto era criar um estúdio capaz de estimular a produção e garantir a exibição de filmes independentes. No início, eles funcionavam como uma distribuidora de filmes, principalmente europeus. No meio dos anos 80, no entanto, o setor independente sofreu com os efeitos da recessão norte-americana. Os irmãos foram forçados a produzir para não fechar.
No início dos anos 90, os filmes independentes começaram a voltar a fazer sucesso. Na época, a Miramax já era uma das mais bem-sucedidas empresas no setor, graças a três grandes sucessos: "Cinema Paradiso", "Meu Pé Esquerdo" e "sexo, mentiras e videoteipe".
De olho no filão, e com o bom desempenho da pequena companhia, os estúdios Disney compraram a Miramax por US$ 75 milhões, em 1993. O estúdio, no entanto, continuou com sua missão de trabalhar com produtos alternativos -tanto que lançou filmes polêmicos, como "Kids".
Logo no ano seguinte, a Miramax saboreou seu primeiro megasucesso. "Pulp Fiction", que havia custado US$ 8 milhões, faturou US$ 200 milhões em todo o mundo.
Após "Pulp Fiction", a Miramax teve uma sequência de trabalhos bem-sucedidos comercialmente, como "O Corvo" e "Pânico".
Mas o estúdio começou a se especializar a disputar, e ganhar, Oscar. Em 1996, conseguiu posicionar o italiano "O Carteiro e o Poeta" como concorrente a melhor filme do ano. Seu protagonista, Massimo Troisi, concorreu a melhor ator. A produção ganhou uma estatueta.
A Miramax aceitou gastar US$ 60 milhões para produzir e divulgar "O Paciente Inglês", vencedor de nove Oscar em 1997. No ano passado, "Gênio Indomável", uma produção dispensada por outros estúdios, rendeu a Robin Williams e à dupla de roteiristas Matt Damon e Ben Affleck estatuetas.
Desde 1996, a Miramax sempre tem sido o estúdio com maior número de indicações. No ano passado, apesar de "Titanic" ter sido o vencedor, com 11 prêmios, Miramax foi o estúdio com mais indicações (16). Neste ano, a agressividade no marketing fez do estúdio o mais bem-sucedido no Oscar, ganhando 10 das 24 estatuetas -sete por "Shakespeare Apaixonado".
Em 98, a Miramax, com cerca de 300 funcionários, faturou perto de US$ 1 bilhão. Seu valor de mercado é cerca de quatro vezes o valor.


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