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CRÍTICA
A vida real, complicada como ela é
DA REPORTAGEM LOCAL
"A vida ordinária é coisa
bastante complexa."
Esse é o lema de Harvey Pekar e
também é o segredo do sucesso
de "Anti-Herói Americano".
Sem a pretensão de mergulhar o espectador em uma
grande trama, os diretores o
aproximam da rotina pacata e
aparentemente sem sentido de
Pekar, num misto de comédia
de situação (aqui tendo Paul
Giamatti e Hope Davis no papel de Pekar e sua mulher, Joyce Brabner) e documentário,
pontuado pelas aparições azedas do escritor, em estúdio e
agora em carne e osso.
Como já sugeria a sua série
em quadrinhos "American
Splendor", o filme é uma espécie de "reality show" sobre a vida de um sujeitinho como eu e
você -OK, talvez um pouco
mais complicado!-, às voltas
com suas manias de colecionador, suas frustrações amorosas
e, sim, sua batalha contra a
morte por um câncer linfático.
De uma franqueza por vezes
perturbadora, Pekar não quer
parecer engraçado. Ainda que
seu palavrório rouco e interminável e sua galeria de (poucos)
amigos freaks nos façam rir.
Tampouco é só mais uma na
enxurrada de adaptações de
HQs de heróis superpoderosos
e bem-sucedidos que nos fazem torcer por eles e encher o
bolso dos estúdios de cinema.
Trata-se, enfim, de um filme
anguloso, mais complexo do
que ordinário, em que ora rimos, ora nos solidarizamos,
ora nos sentimos culpados e
miseráveis. Assim é a vida.
Que, no cinema, tem se mostrado cada vez menos parecida
com o jeito como ela é.
(DA)
Anti-Herói Americano
American Splendor
Produção: EUA, 2003
Direção: Shari Springer Berman e
Robert Pulcini
Com: Harvey Pekar, Paul Giamatti
Quando: a partir de hoje, no
Cinearte, Cineclube DirecTV e Frei
Caneca Unibanco Arteplex
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