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"EM CARNE VIVA"
Sim, Meg Ryan aparece nuazinha e, sim, o filme até que é decente
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro, ao mais importante, que levará marmanjos entre 30 e 50 anos ao cinema em primeiro lugar: Meg Ryan, a ex-namoradinha da América, a Regina
Duarte norte-americana, que
nunca mostrou nada de nada, só
uma nesga da lateral do peito direito por um segundo em "Harry
e Sally - Feitos Um para o Outro",
aparece nua. Por inteiro. Frente e
verso. Cima e baixo. Tudo.
E não é que, mesmo com o excesso de colágeno que colocou
nos lábios e que deixou sua boca
parecida com o bico do tênis Conga (como já disse José Simão sobre a Angelina Jolie), essa mulher
de 43 anos bate um bolão?
Tirado o bode da nudez do meio
da sala, vamos ao filme. Que é acima da média e faz jus à carreira
consistente da cineasta neozelandesa Jane Campion, a mesma que
retratou tão bem mulheres em
crise antes, como em "O Piano"
(1993, com Holly Hunter) e em
"Retrato de Mulher" (1996, com
Nicole Kidman).
A crise da professora e pesquisadora Frannie Averey (Meg
Ryan) é que, ao contrário de sua
obsessiva irmã Pauline (a ótima
Jennifer Jason Leigh), ela não se
interessa pelos prazeres da cama.
Até que flagra um homem estranho recebendo sexo oral de uma
garota de programa numa boate.
Isso parece trazer Frannie de
volta ao mundo, com toda a sensualidade do pacote, mas também
com os problemas. Estes começam quando a garota em questão
é morta brutalmente, a polícia
suspeita de um serial killer e a
professorinha se envolve com o
detetive encarregado da investigação (Mark Ruffalo, geralmente
ótimo ator, mas aqui canastrão).
Aos olhos da assustada Frannie
-e dos espectadores-, todos os
homens são suspeitos, até prova
em contrário. O próprio policial,
mas também um ex-namorado
esquisitão dela (Kevin Bacon, excelente), um aluno mais atirado
(Sharrieff Pugh), o parceiro latino
do detetive (Nick Damici)...
Os trunfos do filme são a direção de Campion, que foge do convencional e lembra um "Se7en"
sob a ótica feminina, mas principalmente a atuação de Meg Ryan,
que consegue fazer seu personagem oscilar entre o anestesiado e
o alienado. É uma diferença sutil,
que só os grandes atores conseguiriam passar na tela.
(SÉRGIO DÁVILA)
Em Carne Viva
In the Cut
Produção: Austrália/EUA/Reino Unido, 2003
Direção: Jane Campion
Com: Meg Ryan, Mark Ruffalo, Jennifer
Jason Leigh, Kevin Bacon
Quando: a partir de hoje nos cines Frei
Caneca Unibanco Arteplex, Kinoplex
Itaim, Sala UOL de Cinema e circuito
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