São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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"EM CARNE VIVA"

Sim, Meg Ryan aparece nuazinha e, sim, o filme até que é decente

DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro, ao mais importante, que levará marmanjos entre 30 e 50 anos ao cinema em primeiro lugar: Meg Ryan, a ex-namoradinha da América, a Regina Duarte norte-americana, que nunca mostrou nada de nada, só uma nesga da lateral do peito direito por um segundo em "Harry e Sally - Feitos Um para o Outro", aparece nua. Por inteiro. Frente e verso. Cima e baixo. Tudo.
E não é que, mesmo com o excesso de colágeno que colocou nos lábios e que deixou sua boca parecida com o bico do tênis Conga (como já disse José Simão sobre a Angelina Jolie), essa mulher de 43 anos bate um bolão?
Tirado o bode da nudez do meio da sala, vamos ao filme. Que é acima da média e faz jus à carreira consistente da cineasta neozelandesa Jane Campion, a mesma que retratou tão bem mulheres em crise antes, como em "O Piano" (1993, com Holly Hunter) e em "Retrato de Mulher" (1996, com Nicole Kidman).
A crise da professora e pesquisadora Frannie Averey (Meg Ryan) é que, ao contrário de sua obsessiva irmã Pauline (a ótima Jennifer Jason Leigh), ela não se interessa pelos prazeres da cama. Até que flagra um homem estranho recebendo sexo oral de uma garota de programa numa boate.
Isso parece trazer Frannie de volta ao mundo, com toda a sensualidade do pacote, mas também com os problemas. Estes começam quando a garota em questão é morta brutalmente, a polícia suspeita de um serial killer e a professorinha se envolve com o detetive encarregado da investigação (Mark Ruffalo, geralmente ótimo ator, mas aqui canastrão).
Aos olhos da assustada Frannie -e dos espectadores-, todos os homens são suspeitos, até prova em contrário. O próprio policial, mas também um ex-namorado esquisitão dela (Kevin Bacon, excelente), um aluno mais atirado (Sharrieff Pugh), o parceiro latino do detetive (Nick Damici)...
Os trunfos do filme são a direção de Campion, que foge do convencional e lembra um "Se7en" sob a ótica feminina, mas principalmente a atuação de Meg Ryan, que consegue fazer seu personagem oscilar entre o anestesiado e o alienado. É uma diferença sutil, que só os grandes atores conseguiriam passar na tela.
(SÉRGIO DÁVILA)


Em Carne Viva
In the Cut
   
Produção: Austrália/EUA/Reino Unido, 2003
Direção: Jane Campion
Com: Meg Ryan, Mark Ruffalo, Jennifer Jason Leigh, Kevin Bacon
Quando: a partir de hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex, Kinoplex Itaim, Sala UOL de Cinema e circuito



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