São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA ERUDITA

Baixo-barítono José van Dam começa amanhã temporada no Mozarteum, em SP, com melodias francesas

Belga aposta no intimismo em recital

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O baixo-barítono belga José van Dam, 63, abre amanhã a temporada do Mozarteum Brasileiro. Serão duas récitas na Sala São Paulo, basicamente construídas por canções francesas (Duparc, Ravel, Debussy) e árias de Mozart, Berlioz, Gounod e Bizet.
Van Dam estará acompanhado pelo pianista polonês Maciej Pikulski, que já se apresentou com ele em São Paulo em 1999 e 2001.
Leia abaixo trechos da entrevista do cantor.

Folha - Há três anos, o sr. interpretou por aqui um belíssimo "Dichterliebe", de Schumann. Por que não escolheu agora outro ciclo de lieder [canções germânicas]?
José van Dam -
Pediram-me desta vez para fazer bem mais melodias francesas e também algumas árias de ópera. Tenho planos de numa próxima oportunidade cantar o "Wintereise", de Schubert. Eu o fiz há alguns anos em Buenos Aires e é um ciclo de canções de que gosto bastante.

Folha - Os que o conhecem só pela discografia o ouviram sobretudo em óperas de Mozart e Wagner. Como está sua relação com a ópera?
Van Dam -
São relações constantes. Depois de minha turnê latino-americana, eu estarei em Zurique (Suíça), no papel de Hans Sachs, de "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner.

Folha - Os críticos o consideram um bom ator. Não o frustra se apresentar em recital solo com acompanhamento de piano?
Van Dam -
O recital de melodia é mais íntimo, mais interiorizado, mais discreto. Eu normalmente gesticulo pouco nessas ocasiões. Concentro-me mais na música. Na ópera o espetáculo é outro.

Folha - O sr. recentemente gravou melodias populares francesas. Há algum CD a caminho?
Van Dam -
Depois de "Chansons de Toujours" (Canções de Sempre), meu plano é gravar árias com temas de Natal. Estou com a agenda carregada para tranqüilamente passar alguns dias em estúdio. Quero também gravar mais uma vez o "Wintereise".

Folha - Como evoluiu sua voz com os anos? O sr. se sente mais à vontade com notas mais graves?
Van Dam -
Em verdade minha voz amadureceu como um elástico que cresce pelas duas pontas. Consigo mais confortavelmente cantar notas mais agudas e também mais graves. De início meu repertório era o de baixo. Cantei bem depois o Holandês ("A Nau Fantasma", de Wagner) e o Barão Scarpia ("Tosca", de Puccini), que são papéis de barítono.

Folha - A recente ampliação da União Européia será boa ou ruim para a música?
Van Dam -
Creio que haverá apenas vantagens. Jovens cantores dos países do Leste Europeu poderão se apresentar sem maiores entraves na França ou Alemanha. Poderemos conhecê-los melhor.


JOSÉ VAN DAM E MACIEJ PIKULSKI. Quando: amanhã e terça, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, centro, tel. 0/xx/11/3337-5414). Quanto: de R$ 50 a R$ 180. Patrocinadores: Siemens, Votorantim e Santista Têxtil.


Texto Anterior: Fórum das culturas: Exposição revela a história do homem pelo homem
Próximo Texto: Repertório traz clima de "câmara"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.