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FOTOGRAFIA
A inspiração do cotidiano
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
No livro "Camera Obscura",
da editora Francisco Alves, que
o fotógrafo carioca Milton
Montenegro lançou no Rio de Janeiro, na semana passada, há
duas faces do seu trabalho: a vida
cotidiana do profissional publicitário e o exercício da visão fora do
estúdio, na base da intuição e da
liberdade.
A publicação é a primeira de
Montenegro e revê suas obras nos
últimos 25 anos. Para tanto, foi dividida em sete fases ou tempos de
percurso do fotógrafo.
No início, há uma espécie de homenagem ao húngaro André Kertesz (1894-1985), um dos mestres
da fotografia artística e pioneiro
do fotojornalismo, que inspirou
nomes como Henri Cartier-Bresson e Brassai. Termina com uma
série recente sobre as figuras da
mitologia grega.
Além dos registros montados
no computador, que refazem o
pioneirismo de Montenegro nesse segmento no início dos anos
80, uma das fases mais expressivas é formada pelos retratos de
cantores e compositores.
A imagem de Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1988), fundador da escola de samba Mangueira, em 1928, cantor, poeta e
compositor tem um toque de
mistério e magia.
Montenegro conta que tirou a
foto em 1977, sem a pretensão de
vendê-la. Mas ela acabou tornando-se capa de um dos discos do
mestre mangueirense.
Na última fase, Montenegro
reúne o bucolismo das fotos em
preto-e-branco com a plástica virtual dos programas gráficos.
Hárpia, Ícaro, Narciso e Sátiro,
que pertencem à série de 11 fotos,
apresentam afinidades com a forma do realismo fantástico e trazem implantadas cabeças de modelos escolhidos pelo fotógrafo.
Avaliação:
Livro: Camera Obscura
Autor: Milton Montenegro
Editora: Francisco Alves
Quanto: R$ 75 (136 págs.)
Onde comprar:
www.cameraobscura.com
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