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MÚSICA
Até superficial seria bom
EDUARDO GUDIN
especial para a Folha
Fosse apenas um
livro superficial,
ainda assim teríamos uma obra de
importância relevante. Isso porque
Baden Powell -e o próprio livro
explica, embora essa não seja a
questão central- ficou fora da
memória ou bagagem cultural
das novas gerações.
A importância de Baden como
nivelador e modificador de nossa
música está no mesmo patamar
de Pixinguinha e Tom Jobim. Isso
fica bem claro nesta obra.
Para minha satisfação, à medida
que a leitura transcorria, constatei
um alto grau de profundidade e
detalhamento. Falo de cátedra,
pois sendo amigo de Baden, conheço bem sua trajetória.
Dominique pesquisa, documenta e relata com toda a seriedade e com muito carinho a obra
desse que é considerado por muitos como o maior violonista de todos os tempos.
Por ser Baden um músico que
fez bossa nova (com a genialidade
de poucos) apenas como uma das
vertentes de sua música, o livro
não é dogmático em relação a esse
movimento musical. Temos então uma visão bem ilustrativa e
esclarecedora, sem a preocupação
de saber se este ou aquele inventou a bossa nova.
Uma ressalva: os termos alcoólatra e vício não se aplicam para
Baden Powell, pois ele parava de
beber durante semanas, às vezes
durante meses, e ficava anos sem
uma gota. Isso, de uma hora para
outra, quando assim determinasse. Até nesse aspecto não há uma
definição exata para ele.
Estão de parabéns, Dominique
Dreyfus, Tárik de Souza e o Grupo Pão de Açúcar, por essa iniciativa. Quem ama a boa música deve ler o livro e, se puder, ouvindo
um álbum de Baden Powell (recomendo "Tempo Feliz").
Eduardo Gudin é compositor, violonista e
arranjador
Avaliação:
Livro: O Violão Vadio de Baden Powell
Autor: Dominique Dreyfus
Editora: 34
Quanto: R$ 29 (384 págs.)
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