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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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Grupo teatral influenciou cinema alemão

DA REPORTAGEM LOCAL

A interlocução do Living Theatre com outras línguas, como mostra "Resist", é uma das marcas do grupo. O diretor José Celso Martinez Corrêa, do Oficina, por exemplo, travou contato com Julian Beck e Judith Malina quando da vinda do grupo ao Brasil, nos anos 70.
Na semana passada, Amir Haddad, do Tá na Rua (RJ), participou de um debate com Dirk Szuszies sobre o Living. Um desses deslocamentos transcendeu o terreno do teatro e chegou ao Novo Cinema Alemão.
Em sua dissertação de mestrado "O Cinema-Teatro de Fassbinder", defendida na USP em 1999, o pesquisador Samuel Paiva, 40, lembra reflexos do Living Theatre sobre a chamada fase teatral do diretor Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), entre 1967 e 1976.
Nos anos 60, o grupo levou sua "Antígona" para uma turnê alemã. "A pesquisa da peça de Sófocles, orientada sobre uma tensão provocada pela reunião de concepções nem sempre conciliáveis, como as de Piscator e Artaud, causava profunda repercussão nas platéias propensas à contracultura", afirma Paiva.
Logo o grupo Action-Theater, de Munique, montou a sua versão num antigo cinema que alternava performances teatrais e exibição de filmes. "Fassbinder ficou fascinado com aquilo que ele relacionava a uma espécie de transe entre palco e platéia. Decidiu entrar para o grupo e logo assumiu uma posição de liderança, orientando o trabalho para a releitura transgressiva de textos consagrados (Büchner, Goethe) e para criações próprias."
A intensa produção teatral inclui releitura de "Paradise Now" (1968). "Preparadise Now" (1969) foi concebido pela produtora Antiteater-X-Film. "Era uma revisão significativa da falta de esperança no discurso pacifista. Apesar do pessimismo, a profunda associação entre arte e política como idéia de produção coletiva resistiria no pós-maio de 68", diz.


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