São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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Para críticos, tempo faz bem a autor

DA REPORTAGEM LOCAL

Os vastos pampas fictícios de Erico Verissimo nunca foram postos em dúvida pelo público, que adquiriu mais de 1 milhão de exemplares de suas obras. Mas, embora tenha recolhido prêmios e elogios de analistas importantes, a crítica não lhe foi sempre leve.
Consultados pela Folha, três críticos de primeiro time sinalizam que o tempo fez bem para a literatura de Verissimo. É o teste que ele precisa, segundo Davi Arrigucci Jr. "A reedição de sua obra vem em boa hora, pois permite ao leitor de hoje avaliar como sua prosa de ficção resistiu ao tempo, um dos problemas centrais com que ele lidou", diz. "Ele foi um dos pilares da prosa de ficção brasileira no século 20, apesar da linearidade por vezes superficial de temas e caracteres e de repetições sempre assinaladas pela crítica."
O veterano crítico paranaense Wilson Martins diz que as marés políticas atrapalharam Verissimo. "A literatura dele foi subestimada muito por conta do momento brasileiro. Naquele período, os intelectuais estavam claramente divididos entre esquerdistas e direitistas. Ele era visto como um escritor burguês." Martins também acredita que a crítica estava "voltada para o Nordeste" nos tempos de Verissimo. "Existia a visão de que o Rio Grande, incluído Erico, era pouco brasileiro."
Lá do norte, o paraense Benedito Nunes nega o "estrangeirismo". "Ele não é regional, nem regionalista, ultrapassa tudo isso." "Está entre os grandes da literatura brasileira, no mesmo patamar de Jorge Amado." (CEM e LA)


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