São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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CINEMA

Produção de Luiz Alberto Pereira, "Tapete Vermelho" traz os atores Matheus Nachtergaele e Cássia Kiss no elenco

Filme busca as raízes da cultura caipira

GUSTAVO FIORATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Calça acima do umbigo, chapéu de palha na cabeça e canelas à mostra. Com esse figurino, Matheus Nachtergaele transitava entre os 200 figurantes contratados para a gravação das últimas cenas do filme "Tapete Vermelho", de Luiz Alberto Pereira. As tomadas, que exploram o velho tema do caipira na cidade, foram realizadas nos últimos dias no Cine Paissandu (que está desativado) e no Espaço Unibanco de Cinema.
Orçado em R$ 2,5 milhões, o longa chega agora à fase de edição, depois da filmagem das últimas cenas em São Paulo. A estréia está prevista para agosto do ano que vem, segundo o diretor.
As gravações começaram em setembro em cidades do Vale do Paraíba. As primeiras cenas mostram um lugar que Pereira chama de "um imaginário do paraíso caipira", onde há uma casa de pau-a-pique, lendas, entre outros temas explorados por Monteiro Lobato.
A figura de fala lenta do Jeca Tatu, assimilada pelo papel de Matheus, é o ponto de partida para a proposta de levantar a bandeira da preservação da cultura popular. "Os valores da moda caipira estão desaparecendo, e eu vejo isso de um ponto de vista crítico", diz o diretor. ""Tapete Vermelho" tem mais o tom de uma comédia bufa ancorada no realismo. A interpretação não é naturalista, mas também não cai no estereotipo", destaca Matheus.
Quinzinho é o nome desse caipira interpretado por ele, que sai da roça só para mostrar um filme de Mazzaropi ao filho Neco (Vinícius Miranda), arrastando consigo a sua mulher, Zulmira (Gorete Milagres). Os personagens percorrem vários cinemas do interior de São Paulo até chegar à capital, onde a película de "Jeca Tatu", é encontrada em um estoque.
Durante as andanças da família de Quinzinho, vão surgindo os coadjuvantes interpretados por Paulo Betti, Cássia Kiss, Cacá Rosset, Jackson Antunes e Ailton Graça. São léguas percorridas a pé ou no lombo de um burro. Tudo para encontrar cinemas que não exibem mais os filmes de Mazzaropi, apenas megaproduções norte-americanas.


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