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CINEMA
Produção de Luiz Alberto Pereira, "Tapete Vermelho" traz os atores Matheus Nachtergaele e Cássia Kiss no elenco
Filme busca as raízes da cultura caipira
GUSTAVO FIORATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Calça acima do umbigo, chapéu
de palha na cabeça e canelas à
mostra. Com esse figurino, Matheus Nachtergaele transitava entre os 200 figurantes contratados
para a gravação das últimas cenas
do filme "Tapete Vermelho", de
Luiz Alberto Pereira. As tomadas,
que exploram o velho tema do
caipira na cidade, foram realizadas nos últimos dias no Cine Paissandu (que está desativado) e no
Espaço Unibanco de Cinema.
Orçado em R$ 2,5 milhões, o
longa chega agora à fase de edição, depois da filmagem das últimas cenas em São Paulo. A estréia
está prevista para agosto do ano
que vem, segundo o diretor.
As gravações começaram em
setembro em cidades do Vale do
Paraíba. As primeiras cenas mostram um lugar que Pereira chama
de "um imaginário do paraíso caipira", onde há uma casa de pau-a-pique, lendas, entre outros temas
explorados por Monteiro Lobato.
A figura de fala lenta do Jeca Tatu, assimilada pelo papel de Matheus, é o ponto de partida para a
proposta de levantar a bandeira
da preservação da cultura popular. "Os valores da moda caipira
estão desaparecendo, e eu vejo isso de um ponto de vista crítico",
diz o diretor. ""Tapete Vermelho"
tem mais o tom de uma comédia
bufa ancorada no realismo. A interpretação não é naturalista, mas
também não cai no estereotipo",
destaca Matheus.
Quinzinho é o nome desse caipira interpretado por ele, que sai
da roça só para mostrar um filme
de Mazzaropi ao filho Neco (Vinícius Miranda), arrastando consigo a sua mulher, Zulmira (Gorete
Milagres). Os personagens percorrem vários cinemas do interior
de São Paulo até chegar à capital,
onde a película de "Jeca Tatu", é
encontrada em um estoque.
Durante as andanças da família
de Quinzinho, vão surgindo os
coadjuvantes interpretados por
Paulo Betti, Cássia Kiss, Cacá Rosset, Jackson Antunes e Ailton
Graça. São léguas percorridas a pé
ou no lombo de um burro. Tudo
para encontrar cinemas que não
exibem mais os filmes de Mazzaropi, apenas megaproduções norte-americanas.
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