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FILMES
TV ABERTA
Spike Lee e a questão racial tomada a peito
A Invasão
Globo, 16h20.
(The Arrival). EUA, 96, 109 min. Direção:
David N. Twohy. Com Charlie Sheen, Ron
Silver. Charlie Sheen é um radio-astrônomo. Seja isso o que for, ele capta
e grava ruídos do espaço sideral, dando
conta da possível existência de vida
extraterrestre. Devidamente demitido,
ele prosseguirá suas pesquisas por conta
própria e, como o título bem informa,
constará que a invasão da Terra está
sendo articulada. Sintomaticamente, o
lugar de onde partem os invasores é o
México. Cucarachos e alienígenas são
mais ou menos a mesma coisa.
Oh! Que Bela Guerra
Rede TV!, 18h15.
(Oh! What a Lovely War). EUA, 69, 144
min. Direção: Richard Attenborough.
Com Laurence Olivier, John Gielgud. De
um tão ilustre elenco, trabalhando com
uma produção eficiente, a partir de uma
peça antimilitarista em torno da Primeira
Guerra, seria possível esperar mais. Este
musical reúne uma série de vinhetas em
uma guerra sem sangue. Attenborough
dava início aqui à sua quadrada carreira
de diretor.
Penitenciária Maluca
SBT, 22h30.
(Doin" Time). EUA, 84, 81 min. Direção:
George Medeluk. Com Jeff Altman,
Henry Bal. Comédia sobre vendedor
acusado de estupro. Por engano. Mas,
até que isso se prove, ele viverá a vida de
detento. O que, no caso, resulta em
comédia de alcance reduzido. Inédito.
Fatal Blade - Conexão Yakuza
Globo, 22h55.
(Fatal Blade). EUA, 2000. Direção: Talun
Hsu. Com Seiko Matsuda, Kiyoshi Nakajo.
A máfia japonesa, a Yakuza, que serve de
tema para inúmeras produções de
quinta categoria, está nesta produção
inédita na TV. Para diferenciar um pouco,
a história se passa em Los Angeles, onde
eles entram em conflitos com os
traficantes locais.
Um Tiro no Coração
SBT, 23h45.
(Shot through the Heart). EUA/Canadá,
98, 109 min. Direção: David Atwood.
Com Linus Roache, Vincent Perez.
Destinos de dois amigos separados pela
guerra na Bósnia. Ambos são atiradores
de elite. Um deles, terminado o conflito,
alveja pessoas na rua, a esmo. O outro é
convocado a detê-lo. Feito para TV.
Olhos Noturnos 4
Bandeirantes, 1h30.
(Night Eyes 4). EUA, 95, 101 min. Direção:
Rodney McDonald. Com Paula Barbieri,
Jeff Trachta. Policial que protege a casa
de uma bela médica é seduzido por ela e
termina envolvido com os muitos
perigos que a cercam. Quarto exemplar
de série tipo "thriller" erótico, centrado
na figura do policial voyeur.
O Poder da Notícia
SBT, 2h.
(Winchell). EUA, 98, 105 min. Direção:
Paul Mazursky. Com Stanley Tucci,
Glenne Headly. Biografia do colunista
Walter Winchell, que revolucionou a
imprensa popular dos EUA com uma
maneira agressiva de tratar os bastidores
da vida política e artística. Isso lhe deu o
poder de que fala o título. Feito para TV.
Crimes e Pecados
Globo, 2h45.
(Crimes and Misdemeanors). EUA, 89,
104 min. Direção: Woody Allen. Com
Martin Landau, Woody Allen. Allen narra
paralelamente várias histórias, como a
do oftalmologista (Landau) às voltas
com uma perigosa amante. Rolam
outras, envolvendo um elenco muito
forte, em que a tônica é dada pelas
palavras do título. Conto moral abaixo do
melhor Woody Allen. Considerada a
concorrência, é pegar e agarrar.
Irmãos de Sangue
SBT, 4h.
(Clockers). EUA, 95, 128 min. Direção:
Spike Lee. Com Harvey Keitel, John
Turturro. Os problemas da criminalidade
na comunidade negra, a partir dos
problemas de um "clocker" (o posto mais
baixo na hierarquia do submundo, setor
drogas). A questão racial tomada a peito,
como sempre em Spike Lee, e vista com
força e originalidade. Só para São Paulo.
(IA)
TV PAGA
Excessos dão o tom à produção de Carlos Diegues
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Nenhum cineasta brasileiro, mais do que Carlos Diegues, desperta no espectador o
desejo de corrigir alguma coisa
em seus filmes. Ora são os atores,
ora os cenários, a música, ou tudo
junto. É como se, com muita frequência, as idéias fossem melhores que o resultado final, e a inteligência maior que o talento. E fosse necessário corrigir o todo.
Desde o fim dos anos 60, pelo
menos, o que estrutura seus filmes é a cenografia, na qual o excesso dá o tom. Os ambientes e figurinos destacam-se do conjunto
pelo colorido intenso e cheio de
contrastes. É como se o ritmo do
filme fosse ditado bem mais pela
necessidade quase ritualística de
exibi-los do que por uma relação
de verossimilhança.
Essa tensão na verossimilhança
se mostra também, com frequência, na relativa exterioridade com
que os atores desempenham seus
papéis. Não são brechtianos, nem
seguem "o método". Vestem seu
personagem como quem veste
uma fantasia, como se fossem peças adicionadas ao cenário.
Esses procedimentos encontram-se tanto em "Orfeu" (hoje,
21h, Canal Brasil) quanto em
"Tieta do Agreste" (hoje, 23h,
mesmo canal). Neste último, o
papel central é mais de um ícone
do que de uma atriz: é Sônia Braga, de volta ao Brasil, que faz Tieta, a mulher que volta enriquecida
à sua pequena cidade.
Em ambos, o roteiro parece resistir a evoluir de maneira linear.
Mas também não segue aos trancos. É um pouco como se víssemos, em transposição dramática,
a passagem de uma escola de
samba, em que as alas preservam
sua independência, embora sirvam a um conjunto.
Dos dois filmes, sustenta-se melhor "Orfeu", onde tudo é questão
de Carnaval, e fundo e forma se
harmonizam quase didaticamente. Mas vale notar, por exemplo, o
casario de "Tieta", irrealista, como a dizer que vemos não uma cidade, mas um filme, filme-desfile-de-escola.
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