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LIVRO LANÇAMENTOS
Obra fluída de Leda Catunda ganha antologia
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Às vésperas
do Natal, a artista paulistana
Leda Catunda,
38, já ganhou
um livro: "Leda
Catunda", um belo volume antológico de sua carreira.
Leda, a artista, surgiu em 1983,
na exposição "Pintura como
Meio", no MAC-USP. Sua primeira individual aconteceu em 1985,
no Rio, na galeria Thomas Cohn.
De lá para cá, muito e pouco falou-se sobre sua produção.
Falou-se muito pois ela é pintora e surgiu justamente durante
uma das ressurreições da pintura,
junto com a "geração 80". Também falou-se pouco pois, embora
todas as suas mostras tenham
merecido críticas nos principais
veículos de comunicação do país,
os textos relativos a elas iam pouco além da descrição das técnicas,
materiais e métodos que usava.
Assim sendo, basicamente, o
que se sabe de Leda é que suas primeiras pinturas eram feitas sobre
toalhas de banho infantis e que ela
cobria partes das imagens com
camadas de tinta. Essa utilização
de materiais industrializados
(toalhas) e de imagens da cultura
de massa sempre foi lida pela crítica como influência da arte pop.
Também costura seus trabalhos, e
a costura foi relacionada com
questões do universo feminino.
"Não é fácil definir o trabalho de
Leda Catunda; descrever os materiais significa apenas dar um passo dentro de sua oficina", escreve
Lisette Lagnado no texto "Formas
Prenhes", de 1994, no livro. Talvez
por isso mesmo a edição tenha
optado, para a abertura do volume, por um texto cronológico de
Tadeu Chiarelli sobre sua carreira
em paralelo com a produção contemporânea brasileira na época.
O texto de Chiarelli cumpre
bem seu papel como crônica de
uma época passada (anos 80),
mas mesmo o presente (anos 90)
já é tratado superficialmente, em
apenas dois dos 15 tópicos de seu
texto. Será que a produção de Leda Catunda perdeu nos anos 90 a
relevância que tinha nos anos 80?
Paulo Herkenhoff dá um passo
interessante em texto de 1996, reproduzido no livro. "Encontramos gotas vermelhas, gotas pretas, gotas brancas que, no entanto, são mais da ordem das águas
sólidas. Não são vertidas como líquido. São o corpo e a carne da
pintura... A gota pode ser, do ponto de vista pragmático, o conteúdo de uma pincelada", escreveu,
relacionando assim o apego da artista às formas líquidas.
Realmente um apego obsessivo
e ainda inexplicado, que se manifesta em toda a carreira da artista,
nos materiais utilizados (toalhas,
cortinas e tapetes de banheiro),
nos títulos das obras ("Gotas", "A
Cachoeira", "Aquário", "Capa") e
nas figuras representadas (lagos,
rios, cachoeiras).
Avaliação:
Livro: Leda Catunda
Textos: Tadeu Chiarelli, Lisette Lagnado
e Paulo Herkenhoff
Projeto gráfico: Carla Brandão e
Cláudio Rodrigues de Moraes
Editora: Cosac & Naify Edições
Quanto: R$ 92 (192 págs.)
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