São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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HQ

"Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha" reúne histórias desenhadas por John Romita entre agosto de 1966 e junho de 1972

Álbum desvenda passado de herói aracnídeo

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tobey Maguire e Kirsten Dunst nem haviam nascido quando Peter Parker e Mary Jane Watson se encontraram pela primeira vez, nas páginas da "The Amazing Spider-Man # 42", publicada em 1966 pela editora Marvel.
A história, terceira do então ilustre desconhecido John Romita, recrutado para a difícil tarefa de substituir o desenhista e co-criador do personagem, Steve Ditko, na série reaparece em "Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha", que a editora Panini lança agora no Brasil.
Cobrindo um período que vai de agosto de 66 a junho de 72, a compilação, editada nos EUA em 2001, faz um recorte de nove histórias que ajudaram a pavimentar o nome de Romita entre os melhores artistas que já botaram as mãos no cabeça de teia.
Em parceria com o não menos lendário roteirista Stan Lee, o desenhista, que passaria quase 30 anos trabalhando para a Casa das Idéias, é lembrado neste álbum ilustrando lutas antológicas com alguns dos mais tradicionais inimigos do aracnídeo, como Duende Verde ("ASM # 39" e "ASM # 40"), Rino ("ASM # 41") e Rei do Crime ("ASM # 68").
Impressa no formato americano, em papel de ótima qualidade, "Os Maiores Clássicos..." chega em boa hora para os fãs mais novos do personagem e também para os saudosistas, que só puderam ler as histórias publicadas aqui em edições da série em preto-e-branco lançadas no final dos anos 90.
Tão oportuna quanto o tratamento gráfico dado ao álbum é a nova tradução e adaptação do material, que correria o risco de cair no estereotipismo da década de 60 -ainda que fosse justamente reduzindo a arquétipos, simplificando ao máximo os personagens e situações, como o movimento estudantil e a Guerra do Vietnã, que Stan Lee conseguia fazer tanto sucesso com os leitores.
Talvez pouco importe a quem viu o herói no cinema, mas certamente a fonte de inspiração do diretor Sam Raimi, antes de rodar seu milionário blockbuster, foram as histórias do escalador de paredes geradas na chamada "Era de Prata" dos quadrinhos americanos, quando sobravam talentos como os de Jack Kirby e John Buscema, entre outros.
Muito da ingenuidade, do bom humor e até da, digamos, "licença poética" de suas HQs acabaram se perdendo ao longo da vida do alter ego de Peter Parker. É bom poder voltar à época em que o maior sonho do rapaz picado por uma aranha modificada por radioatividade, e não pela moderna engenharia genética como nos querem fazer crer os novos artistas que trabalham com o Homem-Aranha, era comprar uma motoca.
"Os Maiores Clássicos..." recupera isso e outras coisas, o primeiro encontro do herói com o Doutor Estranho, a vez em que o Duende Verde descobriu a identidade secreta do Aranha e a hoje mortinha da silva Gwen Stacy.
Tudo com o traço inesquecível de John Romita "Senior", cujo herdeiro, John Romita Jr., é hoje um dos desenhistas esporádicos do personagem e que vem tentando, com resultados discutíveis, honrar o sobrenome da família.


OS MAIORES CLÁSSICOS DO HOMEM-ARANHA. Roteiro: Stan Lee. Desenhos: John Romita. Tradução e adaptação: Mario Luiz C. Barroso. Editora: Panini Comics. Preço: R$ 18,90 (196 págs.).


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