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Apesar do sucesso, escritor viveu em ambiente promíscuo e miserável
DA REDAÇÃO
A dedicatória de "A Dama-Fantasma" é reveladora do espírito do autor: "Ao apartamento 605 do Hotel M... com gratidão infinita (por não estar lá)".
Cornell Woolrich se refere,
provavelmente, ao hotel Marseilles, em Nova York, onde viveu com sua mãe por mais de
20 anos, até a morte dela, em
1957. Foi um período em que
ele se concentrou na escrita de
forma intensa: de 1934 a 1948,
publicou mais de 200 contos;
de 1940 a 1948, 11 novelas. Ele
já tinha alcançado o sucesso,
mas a Depressão minou suas finanças e fez com que se obrigasse a uma produção febril.
Nascido em Nova York em
1903, cresceu no México, onde
morou com o pai. No início da
adolescência, voltou aos EUA
para viver com a mãe. Em 1921,
entrou no curso de jornalismo
na Universidade Columbia,
mas acabou enveredando pela
literatura. Seu primeiro livro
publicado, de 1926, é um romance ambientado no mundo
do jazz, "Cover Charge". Do
mesmo gênero, "Children of
the Ritz", do ano seguinte, marca o início de sua trajetória no
mundo do cinema.
Passou a escrever roteiros
para Hollywood e, em 1930, casou com a filha de um magnata
do cinema mudo. Ao que dizem
seus biógrafos, o casamento
nunca chegou a ser consumado, pois Woolrich se martiriza
perdido entre sua vida "normal" e sua homossexualidade
supostamente secreta.
Durante o casamento, escreve seu biógrafo Francis Nevins,
o escritor abandonava a mulher
no meio da noite, colocava um
uniforme de marinheiro que
guardava em uma mala chaveada e saía pela cidade em busca
de parceiros.
Logo se divorciaram, e Woolrich deixou para a mulher um
diário em que relatava suas
aventuras com detalhes. A partir daí, o escritor voltou a morar
com a mãe, no tal hotel ao qual
dedica "A Dama-Fantasma",
convivendo num ambiente
promíscuo e miserável, apesar
de estar bem financeiramente.
Sua obra, aliás, continuava de
grande qualidade enquanto ele
se deteriorava física e mentalmente. Chegou a perder uma
perna por causa de uma ferida
gangrenada e sofreu com os demônios do alcoolismo. Morreu
de um ataque cardíaco, em
1968.
(RL)
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