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MULTIMÍDIA
Banda paulistana adiciona projeções e arte performática a jam sessions movidas a jazz, funk e improviso
Fumaça e galinhas invadem Laboratório
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é grande novidade. Andy
Warhol já fazia o mesmo com um
então inexperiente Velvet Underground, no começo dos anos 60.
Imagens projetadas sobre o palco
enquanto a banda tocava. Mas daí
a incluir galinhas, pipoqueiros e
bailarinas do ventre na dança já
vai um grande hiato entre a finada
Factory do pai da pop art e este
atualíssimo Laboratório, que vem
tomando de assalto os palcos de
SP há cerca de dois anos e já lança
o seu segundo CD independente.
A montagem do "circo" chamado Laboratório, que já passou por
temporadas no MAM, no Blen
Blen e no Moai, inclui, entre outros, guitarra, teclados, baixo e bateria; sintetizadores, samplers e
laptops; canhões de luz, máquinas
de fumaça, projetores de imagens
e telões. Uma equipe de cerca de
20 pessoas -às vezes mais, às vezes menos- voltada para proporcionar, mais do que um simples show, "uma experiência". Papel importantíssimo é o do estúdio multimídia Bijari, que responde pelo visual dos espetáculos.
"Sempre nos divertimos muito
fazendo isso. A coisa das performances pega de surpresa até a
gente", conta Arthur Joly, 25, produtor e músico do Laboratório.
"Uma vez resolvemos distribuir
ovos pintados para o público e,
quando menos esperávamos, começamos a levar ovadas em cima
do palco", lembra.
A idéia de experiência única ganha ainda mais força com as jam
sessions sustentadas pelo improviso e com a frequente e até agora
intencional ausência de controle
sobre o processo. "Um dia estávamos tocando no MAM para quase
900 pessoas e a fumaça começou a
invadir o espaço do museu, onde
havia uma exposição do Vik Muniz", conta. "Foi a última vez que
tocamos lá."
Acabando de lançar seu segundo disco homônimo pelo selo Reco-head, do próprio Joly, o grupo
começa a esboçar os primeiros sinais de "organização". Quer começar a ensaiar -em dois anos
de banda, a palavra ainda não entrou para o vocabulário do grupo- e a levar algumas bases eletrônicas para as apresentações.
"É difícil porque a gente começou ao vivo e, quando tentamos
planejar, acaba ficando pior",
acrescenta o baterista Daniel Setti,
24, parceiro de Joly também na
funkeada Tchucbandionis.
Modéstia. Um computador em
casa para transformar os shows
em CD, um contrato de distribuição com a também independente
Tratore e a execução de uma faixa
do disco no programa "Globo Repórter" é tudo o que este Laboratório precisa. E já tem. "Levei um
susto quando passou na TV. Mas
não vou reclamar. Só não posso é
pagar jabá", adianta Joly.
LABORATÓRIO - GRUPO DE
EXPERIÊNCIAS MULTIMÍDIA. Segundo
CD, gravado ao vivo no Blen Blen.
Gravadora: Reco-head/Tratore (tel. 0/
xx/11/3085-1246). Quanto: R$ 15.
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