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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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MULTIMÍDIA

Banda paulistana adiciona projeções e arte performática a jam sessions movidas a jazz, funk e improviso

Fumaça e galinhas invadem Laboratório

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é grande novidade. Andy Warhol já fazia o mesmo com um então inexperiente Velvet Underground, no começo dos anos 60. Imagens projetadas sobre o palco enquanto a banda tocava. Mas daí a incluir galinhas, pipoqueiros e bailarinas do ventre na dança já vai um grande hiato entre a finada Factory do pai da pop art e este atualíssimo Laboratório, que vem tomando de assalto os palcos de SP há cerca de dois anos e já lança o seu segundo CD independente.
A montagem do "circo" chamado Laboratório, que já passou por temporadas no MAM, no Blen Blen e no Moai, inclui, entre outros, guitarra, teclados, baixo e bateria; sintetizadores, samplers e laptops; canhões de luz, máquinas de fumaça, projetores de imagens e telões. Uma equipe de cerca de 20 pessoas -às vezes mais, às vezes menos- voltada para proporcionar, mais do que um simples show, "uma experiência". Papel importantíssimo é o do estúdio multimídia Bijari, que responde pelo visual dos espetáculos.
"Sempre nos divertimos muito fazendo isso. A coisa das performances pega de surpresa até a gente", conta Arthur Joly, 25, produtor e músico do Laboratório. "Uma vez resolvemos distribuir ovos pintados para o público e, quando menos esperávamos, começamos a levar ovadas em cima do palco", lembra.
A idéia de experiência única ganha ainda mais força com as jam sessions sustentadas pelo improviso e com a frequente e até agora intencional ausência de controle sobre o processo. "Um dia estávamos tocando no MAM para quase 900 pessoas e a fumaça começou a invadir o espaço do museu, onde havia uma exposição do Vik Muniz", conta. "Foi a última vez que tocamos lá."
Acabando de lançar seu segundo disco homônimo pelo selo Reco-head, do próprio Joly, o grupo começa a esboçar os primeiros sinais de "organização". Quer começar a ensaiar -em dois anos de banda, a palavra ainda não entrou para o vocabulário do grupo- e a levar algumas bases eletrônicas para as apresentações.
"É difícil porque a gente começou ao vivo e, quando tentamos planejar, acaba ficando pior", acrescenta o baterista Daniel Setti, 24, parceiro de Joly também na funkeada Tchucbandionis.
Modéstia. Um computador em casa para transformar os shows em CD, um contrato de distribuição com a também independente Tratore e a execução de uma faixa do disco no programa "Globo Repórter" é tudo o que este Laboratório precisa. E já tem. "Levei um susto quando passou na TV. Mas não vou reclamar. Só não posso é pagar jabá", adianta Joly.


LABORATÓRIO - GRUPO DE EXPERIÊNCIAS MULTIMÍDIA. Segundo CD, gravado ao vivo no Blen Blen. Gravadora: Reco-head/Tratore (tel. 0/ xx/11/3085-1246). Quanto: R$ 15.


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