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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Viva! Tecno-rebeldes se juntam nas pistas brasileiras
GOSTA de tecno? Já ouviu falar
nos "techno-rebels"? Pois dois
deles, dois dos "techno-rebels"
originais, estarão aqui em abril.
Não juntos, mas tanto melhor.
Derrick May vem dia 7 de abril
para tocar no Lov.e, dentro de um
projeto patrocinado pela Levi's, o
Levi's Players (era para ser hoje,
mas eles acharam melhor ganhar
um pouco mais de tempo para
avisar as pessoas). Juan Atkins
vem participar do evento de dance music J&B Club Arenas, dia 28
de abril. Tem de ir! O tecno de Detroit é seco, minimalista, essencial. Visionários, anti-heróis por
excelência, Atkins e May (juntamente com Kevin Saunderson)
introduziram na música conceitos que hoje você, leitor, toma no
café-da-manhã, como tecnologia
e futuro.
Isso lá nos anos 80, inspirados
pela leitura de Alvin Toffler ("A
Terceira Onda") e pela desoladora situação da juventude da industrial Detroit. Pois Detroit seja
aqui! Ao menos em abril. Êêêê!
E a inteligência musical eletrônica
de São Paulo está fervendo.
Quem vai tocar aqui é Adam Beyer e Cari Lekebush, os reis do
tecno sueco (que o Pareto e sua
turma apelidaram de "suecno").
Eles tocam amanhã no Rio e dia
primeiro de abril na Lôca. É o povo do selo Svek, que virou coqueluche entre os DJs no ano passado.
E o underground começa a correr
atrás do prejuízo, depois de alguns meses de ostracismo (desde
o ano passado, né?). Oscar Bueno,
promoter das noites do after
hours Lov.e in Paradise e personagem tarimbadíssimo da noite
de São Paulo, abre mês que vem
seu próprio clube, com o Julio.
O clube ainda não tem nome,
mas o ponto é na rua Augusta, do
lado do centro, recuperando o
charme underground daquele lado da cidade. Oscar está em ótima forma, até porque está correndo nove quilômetros todo dia
no Ibirapuera.
E continua a escalada da música
brasileira. Sai, também em abril,
um disco só com a nova produção eletrônica do país. Quem está
bancando o projeto é a cineasta
Iara Lee ("Modulations", "Prazeres Sintéticos"), pelo selo Caipirinha. O álbum se chama "Caipiríssima". Confira as faixas aqui: 1.
João Parahyba /"Central do Brasil"; 2. DJ Dolores/"Monica no
Samba (She Loves Drum n" Cavaco)"; 3. BiD/"Batuk de Amor"; 4.
Arto Lindsay/"Whirlwind"; 5.
Amon Tobin/"Sub Tropic"; 6. Suba vs. M.A.U./"Pupila Dilatada";
7. DJ Soul Slinger/"Masterplan";
8. Apollo 9/"Não Fique Aí"; 9.
Anvil FX/"1000"; 10. cYz / "Zumbi"; 11. I.N. Project/"Santa Teresa"; 12. Ramilson Maia/"Bahia
Sou"; 13. Chelpa Ferro/"Miniatura Chelpa". Muito bem. Vai ser
um sucesso lá na More Music.
FOI bonita a festa da Fórmula 1
no Mube, da Lucky Strike, organizada por Angelo Leuzzi (que
também era o aniversariante). O
lugar estava bem iluminado, bem
dividido e bem decorado. As pessoas eram bonitas e estavam a fim
de se divertir, ainda mais com a
bebida free, que deixou os bares
um inferno. Lotou de um jeito
que não dava para andar e faltou
também mais lugares para sentar
(véia). O DJ francês Colt engrenou ao final de seu set, mas depois o som ficou barulhento demais para uma festa como aquela,
em minha modesta opinião, claro. Joguei a toalha então à 1h30.
Tudo: os doces e os brindes da
Lucky Strike (o meu era um moletom) deixados elegantemente
no carro das pessoas.
A geração Semana de Moda chega ao shopping. Depois da loja
Slam no MorumbiShopping, o
empresário e padrinho Mario
Vianna abrirá, no novo shopping
Villa-Lobos, as lojas individuais
de Caio Gobbi, Mulher do Padre,
Sommer e Slam, mais um cybercafé da On Speed. Os projetos de
arquitetura são de Gustavo Menegazzo e valem hype próprio. A
de Caio Gobbi, por exemplo, será
toda em fórmica cinza com fachada de néon pink Caio Gobbi,
puff gigante de pele de coelho
preta, lustre de cristal e seis metros de altura de pé-direito. Os
provadores são três, cada um
com dois metros, tão grandes que
a pessoa poderá dançar lá dentro
-a idéia é essa. A inauguração
será dia 19 de abril. Dia 18, tem a
festa de lançamento do shopping
em si com a exposição das fotos
gigantes de Helmut Newton, comandada pelo produtor Cacá Ribeiro, para 2.000 pessoas.
E, por falar em Cacá Ribeiro, é ele
quem vai fazer também a festa
dos 500 anos na marquise do Ibirapuera, daqui a um mês, dia 23
de abril.
E a moda de Sommer
também vai estar na
Daslu Homem. Li Camargo acaba de comprar 500 peças para
atender aos clientes
da loja. É o underground no mainstream, tá vendo?
A marca Clements Ribeiro, do brasileiro
Inacio Papaulo Ribeiro e sua mulher, a inglesa Susanne Clements, fechou polpudo contrato e vai assinar também a marca
francesa Cacharel. Felizes da vida, compraram um basquiatzinho, para comemorar.
EM entrevista à "ace"
deste mês, Marky
Mark assume de vez o estrelato,
ao que parece. Sobre sua fama no
Brasil: "Está ficando ridículo. É
difícil sair na rua sem que as pessoas me parem". Marky também
fala mal da música feita aqui:
"Nunca gostei muito de música
brasileira. É muito soft".
E tem lugar novo em São Paulo!
Renato De Cara recebe. É o Jazzy,
na Clodomiro Amazonas quase
na Tabapuã, onde era o restaurante de Arthur de Mattos Casas.
É bar, mas você pode dançar (Pil
Marques, Marcão Morcerf, Xerxes), os drinks são super bem-preparados (recomendo o
Bloody Mary) e a comida é leve e
gostosa. Estava faltando mesmo.
Para um público adulto, cool e
descolado. Helô Ricci, agora fora
do Lov.e, é a porta.
E, amanhã, rola no Ceagesp a 10ª
edição da Giovanna, a mais famosa festa universitária da cidade,
com cinco anos de existência, frequentada por alunos das melhores faculdades. É à fantasia, organizada pelo povo da GV e chega a
reunir 2.500 pessoas. Os ingressos já estão esgotados. E está uma
guerra para achar convites.
HOJE tem festinha de aniversário
de um ano da BASE/Diesel (o que
foi o Carnaval na churrascaria
Jardineira, pelo amor de Deus?).
A casa anuncia reformas e novo
show. O DJ convidado de hoje é
Felipe Venancio.
E o Paul Oakenfold, hein, que
desfilou vestido de anjo e tudo, na
Beija-Flor? Bom, no camarote diz
que ele já enlouqueceu, com a
mulherada e com as baterias, claro. Toda vez que passava uma
(bateria), ele corria para ver e gritava: "Is it real? Is it real? I am so
lucky to be here!" (uma coisa dicionário, hoje, né?). Pois ele perturbou tanto que fez o gigante
louro Henrique Cury ir até Nilópolis pegar as fantasias arranjadas por meio de uma garota que
eles conheceram no bondinho de
Santa Teresa. Depois, em Maresias, onde ele tocou no Sirena,
continuou seu caso de amor com
o Brasil e testou o fôlego clubber
de seu anfitrião, Marcos Campos.
No Rio, onde ele tocou na X-Demente, passou meio batido. Tudo
bem, né?
E sabe o que eu descobri? Que nos
camarotes têm umas meninas
que ficam guardando o lugar na
"janela" para as pessoas famosas.
Chamam-se oficialmente "bundas".
ÊTA Carnaval que o assunto não
acaba. Faltou ainda contar da festa do barco, que começou ao
meio-dia e foi até as 19h. Eles pararam atrás das ilhas Cagarras,
pularam em alto-mar com golfinho e tudo. Tipo incrível. Foi incrível também quando eles pararam em frente ao posto 9, com
house altíssimo rolando. Vieram
todas para a frente do barco, para
acenar para as amigas, e o barco
quase virou! E faltou contar da
festa da praia, com house e tecno
em plena areia, em Ipanema, em
frente ao Caesar Park. São umas
festas que acontecem assim, sem
ninguém avisar, totalmente free,
durando até o dia raiar. Diz que a
mistura de pessoas é incrível. O
único problema é que a luz da
praia é mais clara do que o sol, segundo um frequentador. Assim,
na próxima, don't forget your
sunglasses!
E ficou faltando a opinião do especialista Hermano Vianna sobre
o Carnaval eletrônico da Bahia.
"Estava na hora de acontecer algo
do gênero. É claro que foi a primeira experiência. A combinação
da manipulação dos toca-discos
com aquele tipo de percussão
com efeitos ao vivo é certamente
promissora." Para ele, é difícil
prever quais as consequências da
atitude da Daniela Mercury.
"Tomara que gere muitas outras experiências. A cultura afro-contemporânea de todos os lugares está conectada em rede. O importante é incentivar as conexões
mais inusitadas e dar um tempo
para as novidades apresentarem
seus melhores frutos. Fiquei triste
quando a maioria dos críticos recebeu tão mal as primeiras experiências de funk eletrônico produzidas nas favelas cariocas."
Os garotos estavam começando
a aprender a brincar com as máquinas! Hoje, há indícios claros
de que coisas muito interessantes
estão prestes a tomar conta dos
bailes. Já reparou como as compilações das equipes de som cariocas estão cada vez mais parecidas
(apesar de totalmente diferentes)
com os CDs lancados pelos DJs
mais radicais daquilo que de mais
novo é produzido no Ghetto Tech
de Detroit? Shake your cyberbooty! Ou melhor: sacode teu ciberpopozão!
E-mail: palomino@uol.com.br
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