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Atriz indicada implorou pelo papel
especial para a Folha, em NY
Quem não a conhece muito
bem acha que Julianne Moore tira
a roupa em frente às câmeras com
a mesma naturalidade que Jean-Claude van Damme simula socos
e pontapés. "Não é verdade", disse a atriz .
O fato de ser hoje uma das atrizes mais requisitadas e versáteis
de Hollywood não desvia a atenção da mídia para as cenas de nudez que ela já teve de fazer durante a carreira. Filmes como "Short
Cuts - Cenas da Vida", "Boogie
Nights" (papel que lhe garantiu
indicação para o Oscar de coadjuvante em 97) e agora "Fim de Caso" revelam o lado mais sensual,
ou menos vestido, da atriz.
Mas Julianne faz questão de dizer que "tirar a roupa na frente
das câmeras não deixa de ser
constrangedor só porque você fez
isso uma centena de vezes".
Moore, 39, que é separada e tem
um filho de 2 anos, apareceu pela
primeira vez aos olhos do grande
público em 1995 quando atuou ao
lado de Hugh Grant na comédia
romântica "Nove Meses".
O ano de 99, reservaria outra
sorte à atriz: ela atuou em um total de cinco filmes ("Magnolia",
"Fim de Caso", "O Marido Ideal",
"A Fortuna de Cookie" e "A Map
of the World") e, de quebra, recebeu sua segunda indicação para o
Oscar.
A Sarah Miles que interpreta em
"Fim de Caso", é o mais complexo
papel de sua carreira.
"Sarah é um dos vértices desse
complicado e intrigante triângulo
amoroso. A história se passa durante a Segunda Guerra e é recheada de interpretações sobre
amor, sexo, traição e ciúme", disse a atriz.
Sua sutil mas intensa atuaçãogerou os mais elogiosos comentários por parte da crítica especializada. Mas a atriz não para por aí.
Ela anunciou que vai substituir
Jodie Foster na continuação de Silêncio dos Inocentes ("Hanibbal"), que começa a ser filmado
em maio na Itália.
(CC e ML)
Folha - Corre à boca pequena
que você escreveu uma carta a
Neil Jordan (diretor do filme)
pedindo o papel.
Julianne Moore - Eu não pedi,
eu implorei. Estava em Londres
filmando "O Marido Ideal" e o roteiro caiu nas minhas mãos. Eu
então pedi para me encontrar
com Neil, que estava em Dublin,
naquela mesma semana.
No último minuto, ele não pôde
ir e eu pensei "que ótimo, perdi
minha chance". Para piorar, eu
sabia que ele estava selecionando
outras atrizes e que tinha dito que
jamais escolheria uma americana
para viver o papel de Sarah Miles.
Então, redigi uma carta sentimental, dizendo que eu gostaria
muito, muito, muito de ser considerada para interpretar Sarah e
enviei a ele. Eu pensei "bem, pelo
menos fiz o que devia" e lavei minhas mãos.
Pouco tempo depois, Neil me ligou pedindo que eu fosse fazer
um teste. Cheguei lá e vi que éramos eu e mais duas atrizes britânicas disputando a vaga. Quando
finalmente fui escolhida, recebi a
notícia em estado de choque.
Folha - O problema maior era
simular o sotaque inglês?
Moore - O grande empecilho
sempre foi o fato do livro ser um
dos mais lidos e respeitados pelo
público inglês. Neil não queria
correr riscos, ele estava mesmo
decidido a selecionar uma atriz
inglesa.
Folha - Com toda essa pressão,
foi difícil fazer o sotaque?
Moore - Eu tenho uma certa experiência em simular o sotaque
britânico por causa das peças que
fiz "off Broadway", mas dessa vez
eu estava contracenando com
atores ingleses de verdade. Creio
que foi mais difícil por isso.
Folha - Como foi trabalhar
com Ralph Fiennes?
Moore - Foi sensacional. Ele é
uma pessoa fantástica. É educado,
gentil e me ensinou muito. Eu
posso dizer que ele e Stephen Rea
(que também está no filme) são
meus dois atores prediletos. Eu
espero ter uma nova oportunidade de trabalhar com eles.
Folha - O que você acha das
convicções religiosas da personagem que interpreta nesse filme?
Moore - Eu acho que qualquer
um que já amou alguém profundamente, e isso vale para relações
com filhos também, sabe o que é
gostar de alguém mais do que de
você mesmo.
Nessas circunstâncias, se alguém disser que para essa tal pessoa sobreviver, você precisará começar a ir à igreja e à missa, não
há dúvida de que você irá fazê-lo.
É mais ou menos isso o que acontece com Sarah nesse filme. Ela está preocupada em salvar a vida do
homem que ama.
Seu amor por Deus vem depois
disso, vem do sacrifício a que ela
se submete. Não quero soar ridícula, mas a Bíblia diz que Deus é a
reencarnação e a luz. Isso significa
que Deus é tudo e que amar alguém dessa forma tão intensa é,
no fundo, amar a Deus.
Folha - Mudando completamente de assunto, você parece
sempre muito confortável nas
cenas de Moore - Ninguém fica
confortável fazendo esse tipo de
cena. É sempre constrangedor e
minha sorte é que, dessa vez, Neil
tinha uma mensagem clara para
passar, não era sexo puro, e isso
me ajudou a relaxar.
Folha - Você gosta de se ver na
tela?
Moore - É uma coisa delicada.
Normalmente vejo meus filmes
duas vezes e é isso. É estranho
porque os filmes, na verdade,
congelam uma parte da sua vida.
Eles trazem de volta gostos, cheiros, roupas, pessoas. Para um
ator, rever o filme faz você rever
uma parte da sua vida. E o ator
precisa mudar constantemente.
Por isso vejo meus filmes duas vezes e, depois disso, engaveto.
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