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MÚSICA
O grupo, remontado pelo filho de seu fundador, se apresenta de hoje a domingo no Sesc Vila Mariana
Banda Black Rio volta à carga em SP
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
Muito som é, sem dúvida nenhuma, a melhor maneira para
definir o que acontece, de hoje a
domingo, no Sesc Vila Mariana,
com a apresentação da Banda
Black Rio e o soulman Cassiano.
Como se não bastasse, quem
abre o espetáculo são os 13 integrantes da big band Funk Como
Le Gusta, convidados para aquecer o ambiente com bastante funk
e soul, mesclados a hip hop, ska e
swing à moda brasileira.
Hoje, a Banda Black Rio é liderada por William Magalhães, 34,
carioca, tecladista e filho de seu
fundador -um dos melhores saxofonistas tenor que o Brasil já teve-, Oberdan Magalhães (1945-1984), morto no Rio de Janeiro,
em um acidente de carro.
Fundindo o som do jazz, soul,
funk e gafieira com a malícia dos
sambas de morro da melhor qualidade -Oberdan era primo de
Silas de Oliveira e compadre de
Mano Décio da Viola-, a banda
lançou, em 77, seu primeiro disco,
"Maria Fumaça", antes de "Gafieira Universal", de 78, e "Saci-Pererê", de 80.
Precursores do que hoje é alcunhado de acid jazz, esses discos,
além de soarem muito atuais, são
raridades disputadas nas "descoladas" lojas e sebos londrinos, a
preços exorbitantes.
"Quando eu fazia parte da banda do Gilberto Gil, viajávamos
muito. Em uma dessas viagens,
passando pela Portobello Road,
em Londres, cheguei a ver um vinil da Black Rio sendo vendido a
100 libras."
"Em quase todos os países que
passava, vinha alguém e citava o
grupo. Por essas e outras razões,
percebi que o trabalho deixado
por meu pai tinha muita consistência e resolvi reativar a banda",
disse William, que levou cerca de
três anos estudando para formar
novamente a Black Rio.
"Como eles não escreviam as
partituras, foi difícil. Eles deixaram o ouro sem o mapa da mina.
Tive de ouvir muito para entender a forma como os metais
abriam as vozes. São acordes geralmente meio tortos; apesar de
serem três vozes, se confundem
muito pelas inversões que eles
usavam. Identificar a voz do meio
é dureza", disse o músico.
William teve a colaboração do
trombonista Lúcio Silva, único remanescente da formação original,
para decifrar também as suingadas levadas (grooves) da banda,
que tinha o percussionista de
samba Luís Carlos dos Santos como baterista.
A formação atual tem mais nove integrantes: Jessé, trumpete de
Ed Motta; Lelei, que foi sax de
Sandra de Sá; Marçalzinho (filho
do mestre Marçal) e Wanderley
Silva (filho do baterista Robertinho Silva), na percussão; o baixista de "Seo" Jorge, Claudio Rosa, e
o baterista da banda de Claudio
Zoli, Chocolate, além de Paulinho Guitarra, Alexandre Ferreira
e Trick, no vocal.
A Black Rio de hoje, embora
imbuída do espírito de sua antecessora, vem com teclados, samplers e mais músicas cantadas.
"Sessenta por cento de nosso
repertório é de músicas cantadas
e 40%, instrumentais", afirmou
Magalhães. No show, toca-se
"Samba Blum", "Candeia", "Maria Fumaça" e o arranjo original
de Oberdan feito para a música
"Na Baixa do Sapateiro", gravado ao vivo em Montreux, em 78,
pela Average White Band, que teve os irmãos Michael e Randy
Brecker como alguns de seus integrantes.
Show: Banda Black Rio e Cassiano/Funk
Como Le Gusta
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141,
Vila Mariana, tel.011/5080-3147)
Quando: hoje e amanhã, às 21h;
domingo, às 19h
Quanto: R$ 10, R$ 15 e R$ 20
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