São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


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MÚSICA
O grupo, remontado pelo filho de seu fundador, se apresenta de hoje a domingo no Sesc Vila Mariana
Banda Black Rio volta à carga em SP

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Muito som é, sem dúvida nenhuma, a melhor maneira para definir o que acontece, de hoje a domingo, no Sesc Vila Mariana, com a apresentação da Banda Black Rio e o soulman Cassiano.
Como se não bastasse, quem abre o espetáculo são os 13 integrantes da big band Funk Como Le Gusta, convidados para aquecer o ambiente com bastante funk e soul, mesclados a hip hop, ska e swing à moda brasileira.
Hoje, a Banda Black Rio é liderada por William Magalhães, 34, carioca, tecladista e filho de seu fundador -um dos melhores saxofonistas tenor que o Brasil já teve-, Oberdan Magalhães (1945-1984), morto no Rio de Janeiro, em um acidente de carro.
Fundindo o som do jazz, soul, funk e gafieira com a malícia dos sambas de morro da melhor qualidade -Oberdan era primo de Silas de Oliveira e compadre de Mano Décio da Viola-, a banda lançou, em 77, seu primeiro disco, "Maria Fumaça", antes de "Gafieira Universal", de 78, e "Saci-Pererê", de 80.
Precursores do que hoje é alcunhado de acid jazz, esses discos, além de soarem muito atuais, são raridades disputadas nas "descoladas" lojas e sebos londrinos, a preços exorbitantes.
"Quando eu fazia parte da banda do Gilberto Gil, viajávamos muito. Em uma dessas viagens, passando pela Portobello Road, em Londres, cheguei a ver um vinil da Black Rio sendo vendido a 100 libras."
"Em quase todos os países que passava, vinha alguém e citava o grupo. Por essas e outras razões, percebi que o trabalho deixado por meu pai tinha muita consistência e resolvi reativar a banda", disse William, que levou cerca de três anos estudando para formar novamente a Black Rio.
"Como eles não escreviam as partituras, foi difícil. Eles deixaram o ouro sem o mapa da mina. Tive de ouvir muito para entender a forma como os metais abriam as vozes. São acordes geralmente meio tortos; apesar de serem três vozes, se confundem muito pelas inversões que eles usavam. Identificar a voz do meio é dureza", disse o músico.
William teve a colaboração do trombonista Lúcio Silva, único remanescente da formação original, para decifrar também as suingadas levadas (grooves) da banda, que tinha o percussionista de samba Luís Carlos dos Santos como baterista.
A formação atual tem mais nove integrantes: Jessé, trumpete de Ed Motta; Lelei, que foi sax de Sandra de Sá; Marçalzinho (filho do mestre Marçal) e Wanderley Silva (filho do baterista Robertinho Silva), na percussão; o baixista de "Seo" Jorge, Claudio Rosa, e o baterista da banda de Claudio Zoli, Chocolate, além de Paulinho Guitarra, Alexandre Ferreira e Trick, no vocal.
A Black Rio de hoje, embora imbuída do espírito de sua antecessora, vem com teclados, samplers e mais músicas cantadas.
"Sessenta por cento de nosso repertório é de músicas cantadas e 40%, instrumentais", afirmou Magalhães. No show, toca-se "Samba Blum", "Candeia", "Maria Fumaça" e o arranjo original de Oberdan feito para a música "Na Baixa do Sapateiro", gravado ao vivo em Montreux, em 78, pela Average White Band, que teve os irmãos Michael e Randy Brecker como alguns de seus integrantes.


Show: Banda Black Rio e Cassiano/Funk Como Le Gusta
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, tel.011/5080-3147)
Quando: hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 19h
Quanto: R$ 10, R$ 15 e R$ 20



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