São Paulo, sexta, 24 de abril de 1998

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Irons volta à tela em "Máscara de Ferro"

CLÁUDIA PIRES
Em Nova York

Correr riscos faz parte da vida do ator Jeremy Irons. Esse impulso o levou a filmar um pouco de tudo no ano passado, desde o polêmico remake de "Lolita", dirigido por Adrian Lyne, até o açucarado "O Homem da Máscara de Ferro".
Em meio a essas produções, encontrou tempo para protagonizar "Chinese Box", que conta a história de uma tumultuada história de amor ambientada em Hong Kong. "Gosto de controlar coisas, gosto do perigo", afirma o ator.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Irons à Folha em Nova York, por ocasião do lançamento de "O Homem da Máscara de Ferro".

Folha - Depois dos problemas com "Lolita" você deve estar aliviado por fazer um filme que não terá dificuldades de distribuição.
Jeremy Irons -
Certamente. Os problemas com a distribuição de "Lolita" foram deprimentes, porque é um ótimo filme. Foi muito difícil ver as grandes corporações virando as costas.
Folha - O tema de "Lolita" foi a única desculpa utilizada pelas distribuidoras para recusar o filme?
Irons -
Não. Acredito que as distribuidoras ficaram com medo que o filme não desse retorno.
Folha - Mas a recepção foi bem melhor na Europa.
Irons -
Sim, as pessoas são um pouco mais maduras por lá. Foram mais acessíveis e quiseram ver o filme antes de julgar.
Folha - O julgamento americano foi mais moralista?
Irons -
Sim, mas acho que "Lolita" é um conto moralista. Ele mostra o que acontece quando você vai contra as leis da sociedade.
Folha - "O Homem da Máscara de Ferro" foi o primeiro roteiro dirigido por Randall Wallace. Como foi trabalhar com um alguém que está dirigindo pela primeira vez?
Irons -
Foi um dos aspectos mais interessantes do processo. Um diretor estreante tem muito mais motivação, se envolve mais e está mais aberto a sugestões.
Folha - O que o atraiu mais?
Irons -
Achei que Wallace tinha um roteiro interessante. Foi ótimo atuar com quatro grandes atores de sua geração e não ter a responsabilidade de conduzir o filme. DiCaprio teve de fazer isso.
Folha - Como você vê esse sucesso repentino de DiCaprio?
Irons -
Ele é um ótimo ator. É instintivo, lê uma cena e já sabe o que fazer. Mas é jovem e a maneira como vai administrar sua fama será decisiva para sua carreira.
Folha - Como foi dirigir "Mirad, a Boy from Bósnia"?
Irons -
Foi muito interessante poder mudar e estar atrás das câmeras. O filme é uma adaptação da peça do holandês Ad De Bont. Conta a história de um garoto bósnio durante a guerra. O roteiro é baseado em entrevistas com parentes e amigos e em trechos retirados do diário do garoto.
Folha - Você pretende continuar a dirigir?
Irons -
Ainda não sei. Dirigir é bem mais complicado. Se o filme for um desastre, a culpa é toda sua. Quando um filme não funciona, o ator parte para outro e pronto. Para o diretor não é tão simples.
Folha - Que tipo de papel o interessa agora?
Irons -
Algum papel cômico. É difícil eu conseguir esse tipo de papel, porque os diretores só me procuram quando querem alguma performance introspectiva. Para os papéis engraçados convidam o Robin Williams ou o Steve Martin.
Você nunca pensou em trabalhar com Woody Allen?
Irons -
Ele nunca me convidou. Talvez ele pense que eu causaria problemas, opinaria demais...
E o teatro? Não seria uma boa opção para um papel cômico?
Irons -
Sim, mas não está nos meus planos agora. O teatro exige dedicação maior. Tenho família e não gosto de ficar longe de casa.



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