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Irons volta à tela em "Máscara de Ferro"
CLÁUDIA PIRES
Em Nova York
Correr riscos faz parte da vida do
ator Jeremy Irons. Esse impulso o
levou a filmar um pouco de tudo
no ano passado, desde o polêmico
remake de "Lolita", dirigido por
Adrian Lyne, até o açucarado "O
Homem da Máscara de Ferro".
Em meio a essas produções, encontrou tempo para protagonizar
"Chinese Box", que conta a história de uma tumultuada história
de amor ambientada em Hong
Kong. "Gosto de controlar coisas,
gosto do perigo", afirma o ator.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por
Irons à Folha em Nova York, por
ocasião do lançamento de "O Homem da Máscara de Ferro".
Folha - Depois dos problemas
com "Lolita" você deve estar aliviado por fazer um filme que não terá
dificuldades de distribuição.
Jeremy Irons - Certamente. Os
problemas com a distribuição de
"Lolita" foram deprimentes,
porque é um ótimo filme. Foi muito difícil ver as grandes corporações virando as costas.
Folha - O tema de "Lolita" foi a
única desculpa utilizada pelas distribuidoras para recusar o filme?
Irons - Não. Acredito que as
distribuidoras ficaram com medo
que o filme não desse retorno.
Folha - Mas a recepção foi bem
melhor na Europa.
Irons - Sim, as pessoas são um
pouco mais maduras por lá. Foram mais acessíveis e quiseram ver
o filme antes de julgar.
Folha - O julgamento americano
foi mais moralista?
Irons - Sim, mas acho que "Lolita" é um conto moralista. Ele
mostra o que acontece quando você vai contra as leis da sociedade.
Folha - "O Homem da Máscara de
Ferro" foi o primeiro roteiro dirigido por Randall Wallace. Como foi
trabalhar com um alguém que está
dirigindo pela primeira vez?
Irons - Foi um dos aspectos
mais interessantes do processo.
Um diretor estreante tem muito
mais motivação, se envolve mais e
está mais aberto a sugestões.
Folha - O que o atraiu mais?
Irons - Achei que Wallace tinha
um roteiro interessante. Foi ótimo
atuar com quatro grandes atores
de sua geração e não ter a responsabilidade de conduzir o filme. DiCaprio teve de fazer isso.
Folha - Como você vê esse sucesso repentino de DiCaprio?
Irons - Ele é um ótimo ator. É
instintivo, lê uma cena e já sabe o
que fazer. Mas é jovem e a maneira
como vai administrar sua fama será decisiva para sua carreira.
Folha - Como foi dirigir "Mirad, a
Boy from Bósnia"?
Irons - Foi muito interessante
poder mudar e estar atrás das câmeras. O filme é uma adaptação da
peça do holandês Ad De Bont.
Conta a história de um garoto bósnio durante a guerra. O roteiro é
baseado em entrevistas com parentes e amigos e em trechos retirados do diário do garoto.
Folha - Você pretende continuar
a dirigir?
Irons - Ainda não sei. Dirigir é
bem mais complicado. Se o filme
for um desastre, a culpa é toda sua.
Quando um filme não funciona, o
ator parte para outro e pronto. Para o diretor não é tão simples.
Folha - Que tipo de papel o interessa agora?
Irons - Algum papel cômico. É
difícil eu conseguir esse tipo de papel, porque os diretores só me procuram quando querem alguma
performance introspectiva. Para
os papéis engraçados convidam o
Robin Williams ou o Steve Martin.
Você nunca pensou em trabalhar
com Woody Allen?
Irons - Ele nunca me convidou.
Talvez ele pense que eu causaria
problemas, opinaria demais...
E o teatro? Não seria uma boa
opção para um papel cômico?
Irons - Sim, mas não está nos
meus planos agora. O teatro exige
dedicação maior. Tenho família e
não gosto de ficar longe de casa.
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